O artigo apresenta o processo de criação em teatro comunitário do espetáculo A Céu Aberto, pelo grupo de Teatro do Campo, da Associação Cultural Rural Vivo, realizado em Terras de Bouro, Portugal, entre fevereiro e junho de 2022. A montagem reflete sobre o ataque à ancestralidade do mundo rural, na iminência do avanço capitalista, pela almejada exploração do lítio. Assinalamos que a resistência vem sendo empreendida pelas populações locais e por diversos coletivos de ativistas. O Teatro do Oprimido de Augusto Boal e alguns princípios do Teatro Comunitário orientaram a criação dramática, a partir da análise de alguns jogos de força e poder que se colocam no panorama atual da exploração mineira, num contexto de crise ambiental. Experimentações cênicas foram realizadas, em torno de situações e conflitos pesquisados nos meios de comunicação e também com populações afetadas pela mineração, num passado recente. Para a trilha sonora selecionamos músicas já existentes, e também criamos algumas letras e melodias novas e paródias, cantadas pelos atores. Uma visão cosmopolítica ampara nosso olhar na análise do fenônemo da exploração mineira em ambientes rurais. O conceito de a(r)tivismo não fez parte dos pressupostos que nutriram o processo criativo. Entretanto, parece-nos apropriado, para situar o espetáculo teatral produzido, o ponto de vista que defende, e a dimensão crítica que imagina que o público possa desenvolver, a partir da fruição.
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Zanete, R. (2022). A céu aberto. Conceição/Conception, 11, e022013. https://doi.org/10.20396/conce.v11i00.8671126
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