Para responder, da perspectiva da psicanálise, à pergunta sobre quem serão os autistas de amanhã, busca-se, em primeiro lugar, traçar linhas de como se encontram os autistas no passado. Durante o século XIX, olhar médico não podia ainda diferenciar os débeis das crianças que já estavam provavelmente desenvolvendo aquilo que hoje chamamos de autismo. Mas ouvimos seus ecos em relatos de autores da época. Para refletir sobre o momento presente, apela-se para dois operadores conceituais: o discurso e a genética, concluindo que esse novo modo de ser autista combina hoje com as novas formas de dessubjetivação que estão surgindo. O presente revela ainda que as crianças autistas, escolarizadas pelos métodos comportamentais, perdem a chance de viver na escola a verdade de sua experiência, uma experiência peculiar e única. Perdem a chance de aprender a se dizer. Em relação ao futuro, afirma-se que são muitos os devires dos autistas. Mas haverá um ponto comum a todos eles: neles o sujeito freudiano não estará, em consonância com a supressão do sujeito no mundo contemporâneo.
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Kupfer, M. C. M. (2019). Quem serão os autistas de amanhã? Estilos Da Clinica, 24(3), 384–392. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v24i3p384-392
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