Resumo: A formação baseada em competências exige enfermeiros com capacidade de autogestão e tomada de decisão rápida e efetiva. Nesse contexto, a simulação clínica surge como estratégia com potencial para o desenvolvimento de competências. Para tanto, é imprescindível a busca de instrumentos que auxiliem os profissionais na implementação e avaliação dessa estratégia, visto que há poucos instrumentos válidos e confiáveis nacionalmente. Este estudo objetivou realizar a validação e testar a confiabilidade do "Instrumento Creighton para Avaliação de Competências Clínicas" (CCEI), versão português, Brasil, que conta com 23 itens dicotômicos, distribuídos nas categorias avaliação, comunicação, julgamento clínico e segurança do paciente. Tratou-se de um estudo metodológico, com avaliação das propriedades psicométricas da confiabilidade e validação do instrumento, orientado pelo referencial de Pasquali. Para isso, foram elaborados e gravados dois cenários sobre alteração do nível de consciência a partir da hipótese de que o instrumento seria capaz de diferenciar o desempenho divergente das estudantes nos dois cenários. Após essas etapas, um website foi desenvolvido e disponibilizado para viabilizar o acesso ao material produzido e à coleta de dados, que foi realizada no período de março a julho de 2019. Um total de 30 docentes e/ou enfermeiros de todo o Brasil, que conheciam a metodologia da simulação clínica, foram recrutados para avaliar os dois cenários com a utilização do CCEI. A análise dos dados seguiu as etapas de validação e confiabilidade. Para a validação, além da análise por hipótese, em que se analisou a divergência dos cenários, utilizou-se o coeficiente de correlação phi. Para a confiabilidade, testou-se a equivalência do instrumento, com o coeficiente de concordância Fleiss Kappa, e a consistência interna, com uso do coeficiente de confiabilidade Kuder-Richardson (KR20). Os participantes eram 80% do sexo feminino, provenientes de instituições de ensino públicas (76,7%) e com experiência mínima de dois anos com a simulação clínica (76,7%). Quanto à validade, na análise por hipótese, 20 dos 23 itens apresentaram resultados significativos que confirmavam a hipótese elaborada. Os resultados dos itens 16, 20 e 23 foram associados à teoria que justificam a não divergência do item. Na análise comportamental do construto, os domínios apresentaram correlações de moderada a alta para a avaliação, baixa para comunicação e baixa a moderada para o julgamento clínico e segurança do paciente. Quando comparados os dois cenários, as correlações foram baixas, muito baixas ou negativas, o que corroborou com a divergência entre cenários. Quanto à confiabilidade, o grau de concordância Fleiss Kappa encontrado foi razoável (0,282) para o cenário 1 e moderado para o cenário 2 (0,408). O percentual de concordância foi 81% e 63% para os dois cenários, respectivamente. A consistência interna medida com o KR20 foi de 0,717 para o cenário 1 e 0,805 para o cenário 2, classificado como moderada e alta. Esses resultados permitem afirmar que essa versão do instrumento CCEI versão em português, Brasil, é válida e confiável e poderá contribuir para avaliação do desenvolvimento de competências clínicas em todo território nacional.
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Vilarinho, J. de O. V., Felix, J. V. C., Kalinke, L. P., Mazzo, A., Lopes, F. D. N., Boostel, R., … Fontoura, A. C. de O. B. (2020). Validação psicométrica do instrumento Creighton para avaliação de competências clínicas em simulação. Acta Paulista de Enfermagem, 33. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020ao03146
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