Ainda nos preocupamos com a falta de compreensão que muitos têm quanto à Enfermagem: é ciência ou arte? Mas, a reflexão sobre a complexidade começa a aparecer não como "inimiga" a ser eliminada, porémcomo desafio a ser enfatizado. O foco da Enfermagem é o cuidado humano, todas as suas teorias enfatizam a multidimensio-nalidade do ser humano e aceitam que trabalhemos com informações genéticas (hereditariedade), informações sociológicas (culturais) e acontecimentos e aleatoriedades pontuais. Conjunção, essa, por si mesma potencialmente geradora de conflitos. Aceitar a complexidade d de nosso "objeto de ação" não explica tudo, entretantonos desperta e leva a explorar tudo. Qual o melhor jeito de administrar "tal" medicamento em pessoas que estão com "essas" características de pele ou vasos? Qual o melhor jeito de fazer "tal" curativo, em "x" local do corpo, em pessoas que têm "tais" condições sociais? Qual o melhor jeito de confortar "aquela" pessoa que precisa ficar 24 horas no leito ou que acabou de perder um filho? Qual o melhor jeito de aplacar o desejo de alguém que quer comer "uma bolacha molhadinha no leite", mas não pode deglutir? Qual o melhor jeito de auxiliar uma mãe a amamentar? Qual o melhor jeito de auxiliar uma família a despedir-se de um ente querido que está morrendo? São tantas as possibilidades e focos de atuação!! A complexidade do cuidar implica reconhecer que a multidimensionalidade do ser humano exige de nós exatidão e capacidade de relacionamento interpessoal. Exatidão, sim, quando fazemos o cálculo de um medicamento para ser administrado, quando seguimos "passos" na execução de qualquer téc-nica asséptica, quando expomos indicadores de queda, de presença de flebite, de extubação acidental, de incidência de úlcera por pressão, de infecção hospitalar, de tempo de manutenção de cateter... enfim, quando focamos o erro com a intenção de evoluir no conhecimento. Mas, a capacidade para cuidar adequadamente também exige de nós que saibamos quem é esse "outro", objeto de nosso cuidado, quais seus poderes e limitações, quais suas necessidades e o que contribui para seu cresci-mento. Assim como, saber quais são nossos poderes e limitações. Conhecimento geral e específico. Cuidado é um substantivo que reflete o resultado da ação do cuidar; contudo, sóquando há o encontro terapêutico entre o ser cuidado e o ser que cuida é possível existir a qualidade no cuidado. Complexo! Complexo significa que se tem um grande número de unidades interagindo entre si de formas, muitas vezes, imprevisíveis (se não, no mínimo, todo medicamento funcionaria "igual" para todos, não é?). O que acontece na perspectiva da complexidade é uma integração na qual as partes rela-cionam-semutuamente, de modo que esse relacionamento seja é de suma importância para o todo. Essa integração tem caráter subjetivo e fundamenta-se em processos relacionais, isto é, não lineares e, por isso mesmo, nem sempre mensuráveis ou programáveis. Morin (1) afirma: Qual é o erro do pensamento formalizante quantificante que dominou as ciências? Não é, de forma alguma, o de ser um pensamento formalizante e quantificante; não é, de forma alguma, o de colocar entre parênteses o que não é
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Silva, M. J. P. da. (2012). Ciência da Enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, 25(4), i–ii. https://doi.org/10.1590/s0103-21002012000400001
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