A principal característica da nova sociologia econômica, que ganha prestígio crescente nos Estados Unidos e na Europa, é estudar os mercados não como mecanismos abstratos de equilíbrio, mas como construções sociais. Essa orientação, entretanto, longe de opor- se aos procedimentos da ciência econômica, é também partilhada por alguns de seus mais importantes expoentes. É bem verdade que a economia contemporânea faz jus à reputação tão difundida de ciência cinzenta, mecânica e incapaz de incorporar precei- tos éticos a seus pressupostos. Mas parte importante e cada vez mais significativa da disciplina se volta justamente ao estudo de formas concretas de interação social e ques- tiona as motivações puramente egoístas e maximizadoras postuladas axiomaticamente pela tradição neoclássica. Entre essas correntes destaca-se a nova economia institucio- nal, cujos temas são objeto também da nova sociologia econômica. Apesar de suas diferenças de abordagem, ambas contribuem para evitar que mercados sejam encara- dos como soluções mágicas a todos os problemas sociais ou como formas diabolizadas de interação que a emancipação humana acabará um dia por suprimir.
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Abramovay, R. (2004). Entre Deus e o diabo: mercados e interação humana nas ciências sociais. Tempo Social, 16(2). https://doi.org/10.1590/s0103-20702004000200002
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