Resumo: Este artigo trata de uma discussão teórica, que pretende demonstrar como a Gestalt-Terapia pode atuar junto a adolescentes em conflito com a lei, auxiliando-os na ressignificação do estigma e na contatação de sua essência, de modo a atingir a ação ética. A cada dia questões de violência e segurança se tornam mais preocupantes. Frente a essa problemática, as pessoas tendem a procurar um único culpado, no qual possam depositar toda a responsabilidade. Logo, o adolescente que comete crimes recebe o estigma de infrator, e sua identidade fica limitada a esse rótulo – a dimensão humana é destruída, e, em seu lugar, ocorre a construção da destrutividade. Com o intuito de mostrar uma concepção diferente da de culpabilização, aborda-se nesse artigo a visão da criminologia crítica, na qual a responsabilidade pelos atos infracionais é de toda a estrutura social. Considera-se o fenômeno da estigmatização, e o adolescente enquanto ser-no-mundo. Discorre-se também sobre o encontro de adolescentes autores de atos infracionais com a Gestalt-Terapia e a ação ética advinda desse momento. Ressalta-se a importância da relação dialógica no processo psicoterapêutico com adolescentes em conflito com a lei, e a relevância da teoria do contato neste trabalho. Palavras-chave: adolescentes em conflito com a lei, estigma, Gestalt-Terapia. Há bastante tempo as questões de violência e segurança tornaram-se uma preocupação generalizada. Atos infracionais, desde simples pixações até os assassinatos mais perversos, são uma realidade da qual não se tem como fugir. Pode-se tentar ignorá-la, mas não o tempo todo, pois o medo de ser vítima de algum ato violento não deixa que as pessoas esqueçam esse problema social. E quem é responsável por essa situação? " O delinqüente que comete esses atos " é uma resposta comum, que seria dada por várias pessoas a essa pergunta. Buscando-se um culpado para essa situação, depara-se com a pessoa infratora, e nela deposita-se toda a responsabilidade. Ao dar essa resposta, por mais insatisfatória que seja, a ansiedade que acompanha a pergunta é diminuída, e a busca pela resposta, cessada, pois se acredita que ela já foi encontrada. Mas como é o " inimigo " errado que está sendo " combatido " , o problema não é resolvido. O contentamento com essa resposta traz uma divisão da sociedade em dois grupos distintos: um composto pelas vítimas, tidas como inocentes, e outro, pelos algozes, totalmente culpados. Essa divisão social gera conseqüências ainda piores. A estigmatização sofrida pelo autor do ato infracional é uma delas, o que limita-o como ser humano. A dimensão humana é destruída, e, em seu lugar, ocorre a construção da destrutividade. Frente a essa problemática, surgiu na autora deste artigo a preocupação e a vontade de escrever sobre este assunto e mostrar uma visão diferente da convencional.
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LEAO, N. C. (2007). Incríveis infratores: adolescentes estigmatizados em encontro com a Gestalt-Terapia. PHENOMENOLOGICAL STUDIES - Revista Da Abordagem Gestáltica, 13(1), 51–61. https://doi.org/10.18065/rag.2007v13n1.3
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