A agricultura convencional, pautada nos usos de agroquímicos, máquinas de grande porte, sementes transgênicas e simplificação dos ambientes tem se mostrado cada vez mais insustentável, devido o alto custo de produção, associado à elevada dependência dos recursos externos à propriedade (insumos), resistência das pragas aos agrotóxicos, perda da fertilidade dos solos, ausência de biodiversidade funcional nos agroecossistemas, sendo energeticamente, socialmente, economicamente, ambientalmente e politicamente insustentável. O objetivo principal da pesquisa consistiu em colaborar com a transição agroecológica do assentamento rural Santa Helena, localizado no munícipio de São Carlos/SP, mediante uma problematização participativa da realidade local e a construção de estratégias de desenvolvimento rural sustentável junto a comunidade, sob a ótica da Agroecologia (diálogo de saberes e extensão agroecológica dialógica contextualizada). Por meio de um diagnóstico participativo e dialógico com a comunidade local, alicerçado nos pressupostos da pesquisa participante verificou-se a necessidade de aumentar os níveis de segurança alimentar das famílias assentadas, autossuficiência e resiliência dos agroecossistemas, práticas agrícolas sustentáveis, rentabilidade financeira e maior adaptabilidade dos sistemas produtivos. Portanto, realizou-se a construção e implantação de arranjos produtivos sustentáveis em mais de 50% dos lotes do assentamento. Foram inseridas seis novas áreas de sistemas agroflorestais biodiversos (SAFs), contendo mais de 60 espécies cada área (espécies arbóreas nativas, frutíferas, anuais, leguminosas herbáceas e arbustivas) e duas áreas, contendo lavouras convencionas de café, foram enriquecidas com espécies sombreadoras (leguminosas nativas), frutíferas perenes, plantas anuais e leguminosas herbáceas/arbustivas. Com o intuito de fomentar a disseminação das práticas agroecológicas de manejo agrícola no assentamento todas as atividades de desenhos dos arranjos, implantação e monitoramento dos SAFs foram idealizadas e realizadas com a participação efetiva de toda comunidade, no formato de oficinas. As principais atividades práticas de cunho agroecológico realizadas com a comunidade para a transição das unidades produtivas foram: cobertura viva do solo, com o manejo adequado das ervas espontâneas e cultivo de plantas destinadas à adubação verde (crotalária e feijão guandu); cobertura morta (adição de folhas secas, palhas e restos vegetais) sobre as linhas das culturas agrícolas; cercas vivas, que são quebra-ventos formados por plantas que protegem as plantações contra rajadas de ventos; plantio consorciado de espécies, que consiste na associação de duas ou mais plantas cultivadas na mesma área; policultivos ou SAFs; adubação orgânica feita com adubos compostados (aproveitamento de resíduos vegetais e animais para produção de compostos orgânicos); integração da produção vegetal com a produção animal, com a inserção de plantas sombreadoras nas pastagens e utilização dos estercos dos animais nas adubações dos cultivos; plantio de plantas repelentes de insetos pragas e aumento da biodiversidade dos lotes com inserção de plantas atrativas de polinizadores e inimigos naturais de pragas (parasitoides e predadores que realizam o controle biológico).
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Lopes, P. R., Araújo, K. C. S., Da Silva, R. C., Da Silva, J. P., & Bergamasco, S. M. P. P. (2017). Agroecologia e processos de transição no assentamento rural Santa Helena. Retratos de Assentamentos, 20(2), 125. https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2017.v20i2.283
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