A soma anômala: a questão do suplemento no xamanismo e menstruação Ikpeng

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Este ensaio pretende examinar vários aspectos da sociocosmologia dos Ikpeng, povo ameríndio do sul da Amazônia. Através de um esforço de absorção de vários conceitos ikpeng em seu vocabulário analítico, ele explora a convergência das noções de afeto (não de relação) e de devir (não de transformação) desse povo em um plano sociopolítico composto por uma mistura de povos e espécies (não de pessoas). Nesse plano, o xamã figura como uma anomalia de espécie, posição alcançada pela sua exposição à morte múltipla, versão radicalizada da auto-intoxicação do sujeito ao longo da vida. Sustentadas por uma cosmologia animista/xamânica, tais concepções se provam incompatíveis com os modelos humanistas do sociopolítico predominantes na antropologia contemporânea. Seguir essa linha de pensamento indígena expõe também uma modelagem não-orgânica de diferença sexual intrínseca às composições transespecíficas envolvidas nos rituais ikpeng, mas cujos primeiros pontos de emergência são a iniciação xamânica dos meninos e a menstruação das meninas.This essay examines various aspects of the sociocosmology of the Ikpeng, an Amerindian people of southern Amazonia. Through an attempted absorption of various Ikpeng concepts into its analytic vocabulary, it explores the convergence of the notions of affect (not relation) and becoming (not transformation) of this people on a sociopolitical plane composed by a mixture of peoples and species (not persons). On this plane, the shaman figures as a species anomaly, a position achieved via his exposure to multiple deaths, a radicalized version of the self-intoxication experienced throughout a subject's lifetime. Sustained by an animistic/shamanic cosmology, these conceptions prove incompatible with the humanistic models of sociopolitics predominant in contemporary anthropology. Following this indigenous line of thinking also exposes a non-organic modelling of sexual difference, intrinsic to the trans-species compositions involved in Ikpeng rituals, but whose first points of emergence are the shamanic initiation of boys and the menstruation of girls.

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Rodgers, D. (2002). A soma anômala: a questão do suplemento no xamanismo e menstruação Ikpeng. Mana, 8(2), 91–125. https://doi.org/10.1590/s0104-93132002000200004

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