INTRODUÇÃO Parece-me que o tema remete a uma questão que tornou-se fator de frustração e, em alguns casos, motivo de pesadelos para o professor de Educação Física (EF): a tão propalada crise de identidade da EF, que em muitos momentos foi entendida como resultado da falta da definição do seu "objeto", da falta de definição clara de qual sua especificidade (identidade no sentido de sua singularidade). Entendo que a temática colocada, em última instância, nos remete a esta questão. Para adentrar ao tema e colocar minha posição desejo fazer, inicialmente, uma demarcação. Quando falo em objeto da EF me refiro ao "saber" específico de que trata esta disciplina curricular. Não estou me referindo, portanto, ao objeto de uma prática científica específica-não coloco, para responder a esta questão, as exigências que são feitas para definir o objeto de uma ciência. Esta diferenciação é importante porque entendo que parte das dificuldades na superação da "crise de identidade" advém do fato de se insistir em ver na EF uma disciplina científica, e mais, como uma disciplina com estatuto epistemológico próprio. Entendo que a especificidade da EF no campo acadêmico é a de que ela se caracteriza, fundamentalmente, como uma prática pedagógica 1 , no que concordamos com Lovisolo (1995). A necessidade e a reivindicação de fundamentar "cientificamente" esta prática é que a levou a incorporar ao seu campo acadêmico as práticas científicas (o que é muito diferente de passar a ser uma ciência com estatuto epistemológico próprio). Então, quando me refiro ao objeto da EF penso num saber específico, numa tarefa pedagógica específica, cuja transmissão/tematização e/ou realização, seria atribuição deste espaço pedagógico que chamamos EF 2. AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DO OBJETO DA EDUCAÇÃO FÍSICA Feita esta demarcação, vejamos como se entendeu o "saber" próprio da EF ou a sua especificidade. As expressões chave para tal identificação foram: a) atividade física, em alguns casos, atividades físico-esportivas e recreativas; b) movimento humano ou movimento corporal humano, motricidade humana ou ainda, movimento humano consciente; c) cultura corporal de movimento. Pretendo defender aqui, a tese/idéia de que para a configuração do saber específico da EF devemos recorrer ao conceito de cultura corporal de movimento. É importante termos claro que a definição do objeto da EF está relacionado com a função ou com o papel social a ela atribuído e que define, em largos traços, o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação 3. Os termos atividade física, exercícios físicos, são fortemente marcados pela idéia de que o papel da EF era contribuir para o desenvolvimento da aptidão física pertencem claramente, no plano do conhecimento, ao arcabouço conceitual das disciplinas científicas do âmbito da biologia, das ciências biológicas 4 .
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Silva, S. A. P. dos S. (1996). Educação física no 1o grau: conhecimento e especificidade. Revista Paulista de Educação Física, (supl.2), 29. https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.1996.139641
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