Neste trabalho me proponho a tecer algumas considerações sobre os determinantes de gênero na dinâmica das relações sociais a partir de uma perspectiva feminista. Entendo, porém, que, nas sociedades contemporâneas, capitalismo, sexismo, racismo, etarismo, e lesbo/homofobia, dentre outras matrizes de opressão, não agem independentemente. Estão imbricadas ou em “simbiose”, constituindo-se como matrizes de opressão que se entrelaçam e se reforçam, forjando sistemas de estratificação e opressão interseccionados. Da mesma forma, gênero, raça e classe e demais marcadores de diferença e elementos constitutivos das relações sociais não atuam separadamente. Esses elementos se intersectam e recortam uns aos outros, modificando, mutuamente, uns aos outros. Isso implica dizer que as respectivas categorias de gênero, raça, classe e outras categorias sociais similares não são categorias autônomas. Daí porque precisamos pensar em instrumentos conceituais que nos permitam identificar e analisar como estruturas de privilégio e opressão se intercruzam em diferentes níveis e se manifestam na vida cotidiana das mulheres e na construção de suas identidades. Nesse intuito, baseio-me aqui na noção de “caleidoscópios de gênero” que, acredito, nos permite melhor dar conta desses processos.
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Sardenberg, C. (2015). Caleidoscópios de gênero: gênero e interseccionalidades na dinâmica das relações sociais. Mediações - Revista de Ciências Sociais, 20(2), 56. https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v20n2p56
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