Este artigo tem como objetivo identificar as noções de crise presentes nos discursos de trabalhadores e gestores de Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis (CAPSij), à luz dos paradigmas vigentes no campo, indicando possíveis impasses e avanços da atenção psicossocial de crianças e adolescentes. Serão apresentados os resultados articulados de três estudos exploratórios de natureza qualitativa, que abordam o tema da crise nos CAPSij da cidade de São Paulo, Brasil. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados: questionário, roteiros de entrevistas semiestruturadas e grupo focal. Para análise de dados utilizou-se a Análise de Conteúdo Temática, identificando duas categorias principais: crise psiquiátrica e crise psicossocial. A noção de crise psiquiátrica se refere à presença de sintomas agudos e discute-se o quanto essa concepção é insuficiente para responder à complexidade das situações de crise. A noção de crise psicossocial inscreve o sofrimento como uma experiência singular e social, revelando a importância dos contextos microssociais (família, escola, assim como outras instituições e comunidades) e macrossociais (dimensões sociais, históricas, culturais, políticas e econômicas) na compreensão da crise. A presença de ambas as noções evidencia a coexistência dos paradigmas psiquiátrico e psicossociai, além de revelar o processo de transição paradigmática em que esses serviços se encontram. Por fim, reiteramos que a produção do sofrimento psíquico em crianças e adolescentes é complexa e, na mesma medida, seus recursos e respostas também deverão ser, protegendo-os, assim, de processos que produzem mais sofrimento como a institucionalização, a patologização, a medicalização e a estigmatização.This article aims to identify the signs of crisis present in the discourses of Child and Adolescent Psychosocial Care Centers (CAPSij) workers and managers, in the light of the current paradigms in the field, indicating possible impasses and advances in psychosocial care for children and adolescents. We present the results of three exploratory and qualitative studies, which address the theme of the crisis in the CAPSij in the city of São Paulo, Brazil. We used as data collection instruments: a questionnaire, semi-structured interview scripts, and a focus group. We used the Thematic Content Analysis for data analysis, identifying two main categories: psychiatric crisis and psychosocial crisis. The notion of psychiatric crisis refers to the presence of acute symptoms and discusses how insufficient this conception is to respond to the complexity of crisis situations. The notion of a psychosocial crisis inscribes suffering as a singular and social experience revealing the importance of micro (family, school, other institutions, and community) and macro-social (social, historical, cultural, political, and economic) contexts in understanding the crisis. It is understood that the presence of both notions evidences the coexistence of psychiatric and psychosocial paradigms, revealing the process of paradigmatic transition in which these services are inserted. Finally, it is reiterated that the production of psychic suffering in children and adolescents is complex and that, to the same extent, their resources and responses should also be complex, thus protecting them from processes that produce more suffering such as institutionalization, pathologization, medicalization, and stigmatization.El presente artículo tiene como objetivo identificar las nociones de crisis presentes en los discursos de los trabajadores y gestores de los Centros de Atención Psicosocial Infantil y Juvenil (CAPSij), a la luz de los paradigmas actuales en el campo, indicando posibles impasses y avances de la atención psicosocial de niños y adolescentes. Se presentan los resultados articulados de tres estudios exploratorios y de naturaleza cualitativa que abordan el tema de la crisis en los CAPSij de la ciudad de São Paulo, Brasil. Se utilizaron como instrumentos de recogida de datos: cuestionario, guiones de entrevistas semiestructuradas y grupo de discusión. Para el análisis de los datos se utilizó el Análisis de Contenido Temático, identificando dos categorías principales: crisis psiquiátrica y crisis psicosocial. La noción de crisis psiquiátrica se refiere a la presencia de síntomas agudos y se discute cómo este concepto es insuficiente para responder a la complejidad de las situaciones de crisis. La noción de crisis psicosocial inscribe el sufrimiento como una experiencia singular y social, revelando la importancia de los contextos microsocial (familia, escuela, otras instituciones y comunidad) y macrosocial (dimensiones sociales, históricas, culturales, políticas y económicas) en la comprensión de la crisis. Se entiende que la presencia de ambas nociones pone de manifiesto la coexistencia de los paradigmas psiquiátrico y psicosocial, revelando el proceso de transición paradigmática en el que se encuentran estos servicios. Finalmente, se reitera que la producción de sufrimiento psicológico en los niños y adolescentes es compleja y que, en la misma medida, sus recursos y respuestas deben ser también complejos, protegiéndolos de procesos que producen más sufrimiento como la institucionalización, la patologización, la medicalización y la estigmatización.
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Moura, B. R., Amorim, M. de F., Reis, A. O. A., & Matsukura, T. S. (2022). Da crise psiquiátrica à crise psicossocial: noções presentes nos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis. Cadernos de Saúde Pública, 38(11). https://doi.org/10.1590/0102-311xpt087522
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