Tenho o sentimento de que não se conseguirá constituir a história das afecções histéricas senão pelo estudo em separado de cada um dos grupos sintomáticos; somente após esse trabalho prévio de análise, poder-se-á reunir os fragmentos e recompor o todo da doença. Considerada em seu conjunto, a histeria apresenta uma quantidade excessiva de fenômenos individuais e incidentes aleatórios, para que o particular possa ser apreendido no geral. Esse procedimento, mais do que questionável se aplicado a doenças limitadas em termos de tempo, de espaço e localizações e de modalidades dos fenômenos, encontra um uso legítimo nesse caso. Busquei mostrar as características da tosse e da catalepsia passageira de natureza histérica; outros dedicaram preciosas monografias às hemiplegias, às contraturas transitórias ou duráveis, à anestesia etc. Hoje, meu objetivo é o de tratar de um complexus sintomático observado com uma freqüência que faz dele mais do que um acidente excepcional e que, além do mais, oferece a vantagem de nos fazer penetrar na intimidade das disposições mentais das histéricas. Muitos distúrbios digestivos podem surgir no curso da histeria. Eles consistem em vômitos repetidos e às vezes incoercíveis, dores gástricas, hematêmeses, constipações ou diarréias singulares, quer por sua evolução, quer por algumas de suas características. Entre os sintomas graves, os vômitos de sangue têm merecido uma atenção particular dos médicos; as gastralgias, fenômenos puramente subjetivos, não são bem conhecidas e os distúrbios intestinais deixam margem a mais incertezas ainda.
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Lasègue, C. (1998). Da anorexia histérica. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 1(3), 158–171. https://doi.org/10.1590/1415-47141998003011
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