Ativismo Feminista Negro no Brasil: do movimento de mulheres negras ao feminismo interseccional

  • Rodrigues C
  • Freitas V
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Resumo: Este artigo analisa a trajetória política do ativismo feminista negro no Brasil, os seus repertórios discursivos acerca das intersecções entre gênero, raça e outras categorias sociais em três tempos. O material de análise provém de dois projetos de pesquisa conduzidos entre 2013 e 2019. Os dados apresentados foram coletados de documentos internos e jornalísticos do Movimento de Mulheres Negras, documentos governamentais, conversas informais e entrevistas semiestruturadas com ativistas negras de Belo Horizonte. O artigo está dividido em três seções, correspondentes a fases específicas: na primeira, nos concentramos no processo de autonomização do Movimento de Mulheres Negras nos anos 1980 e analisamos os repertórios utilizados e expressos no Nzinga Informativo. Em seguida, analisamos suas estratégias de advocacy institucional na década de 1990 e início dos anos 2000, período caracterizado pela tentativa de estabelecer canais formais de participação política para as mulheres negras dentro da burocracia estatal e organizações internacionais. Finalmente, discutimos o ressurgimento de mobilizações de rua na década de 2010 e a emergência de dois cenários de mobilização política liderados por jovens ativistas negras no Brasil: (i) a ascensão de uma geração de jovens feministas negras que estão reformulando e/ou criando novos repertórios discursivos e de confronto nas ruas, nas redes e na representação política; e (ii) a crescente presença de mulheres negras exercendo mandatos legislativos, que, neste texto, nomeamos como movimento de “ocupar a política”. Ao analisar esses repertórios, este trabalho pode contribuir para um melhor entendimento das várias estratégias de mobilização política que feministas negras estão empregando no início do século XXI e seu impacto sociopolítico.Abstract: This article analyzes the political trajectory of black feminist activism in Brazil and its discursive repertoires with respect to the intersections between gender, race and other social categories in three historical moments. The article is based on two research projects conducted between 2013 and 2019. The data presented in this article were collected through internal and journalistic documents from the Black Women’s Movement, government documents, informal conversations and semi-structured interviews with Black women activists from Belo Horizonte. The article is divided into three sections. First, we focus on the autonomization process of the Black Women’s Movement in the 1980s and analyze the discursive repertoires expressed in the Nzinga Informativo. Then, we analyze the movement’s institutional advocacy strategies in the 1990s and early 2000s. This period was characterized by an attempt to establish formal channels of political participation for Black women within the state bureaucracy and international organizations. Finally, we discuss the resurgence of street demonstrations in the 2010s, along with two emerging scenarios of political mobilization led by young black women activists in Brazil: (i) the rise of a generation of young black feminists who are reformulating and/or creating new discursive and confrontational repertoires in the streets, on the internet and in political representation; and (ii) the growing presence of black women exercising legislative mandates, which we interpret as a movement of “occupying politics”. By analyzing these discursive repertoires, this article contributes to a better understanding of the various strategies of political mobilization that black feminists employ in the early 21st century and the socio-political impact of these strategies.

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Rodrigues, C., & Freitas, V. G. (2021). Ativismo Feminista Negro no Brasil: do movimento de mulheres negras ao feminismo interseccional. Revista Brasileira de Ciência Política, (34). https://doi.org/10.1590/0103-3352.2021.34.238917

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