O presente artigo tem como objetivo afirmar a importância da participação do público na experiência museológica. Essa afirmação implica, contudo, que a participação não deve ser assumida como um facto previamente dado, mas requer uma reflexão crítica sobre as suas próprias bases. Num primeiro momento demonstraremos como o museu de hoje se apresenta a si mesmo como um lugar de atratividade, atividade e performatividade essencialmente diferente do museu autoritário e pedagógico do passado. Em seguida tentaremos complicar esta imagem através de um exercício interdisciplinar de co-implicação entre a narrativa do museu e as abordagens teóricas de outras áreas do conhecimento. Tal levar-nos-á a uma dupla leitura na qual o museu parece estar sempre marcado por uma falta ou por um excesso. Uma “falta” de museu onde uma metafísica da participação procura ligar intencionalidade e sentido através de uma lógica de ativação. Um “excesso” de museu onde uma performatividade sempre bem-sucedida constitui o paradigma de uma situação contemporânea que podemos qualificar como bioestética. Contudo, esta dupla leitura não conduz necessariamente a um impasse. O reconhecimento da suplementaridade entre o museu e o público contém a possibilidade de desatarmos o nó que liga a participação à intencionalidade e à produtividade. Fazê-lo é abrir o texto museológico a elementos que habitualmente ficam nas suas margens e, assim, reforçar a própria ideia de participação.
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Braz, I. A. (2016). O que exatamente torna os museus de hoje tão diferentes, tão atraentes? Midas, (6). https://doi.org/10.4000/midas.952
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