Esta pesquisa expõe e analisa algumas travestilidades na adolescência a partir de uma rede social da cidade de Campinas/SP. Por meio do referencial teórico da Teoria Queer e de pesquisa etnográfica que envolveu observação, entrevistas face a face e online, pelo MSN e Orkut, foca nos novos processos de travestilidades que têm sido construídos a partir de referenciais identitários diferentes da geração anterior, como a relativização do “estar vestido como mulher 24 horas por dia” e a restrição às aplicações de silicone líquido. Por meio das montagens e desmontagens do que se compreende socialmente como feminino e masculino, estas jovens têm buscado manipular identidades sociais de forma tática ou estratégica. Sob uma perspectiva que historiciza e contextualiza estes sujeitos do desejo em relação à sexualidade e ao gênero, a investigação aponta como suas experiências marcadas pela vergonha e pelo estigma têm encontrado na montagem estratégica uma nova forma de relação com o dispositivo do “armário”. A atenção ao caráter contextual e estratégico de suas identidades privilegia, também, uma compreensão sociológica de suas subjetividades que se efetiva em uma análise preliminar de como estas novas experiências corporais e subjetivas constituem um misto de resistência e inserção em códigos hegemônicos de sexualidade e gênero.
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Leite Jr, J. (2012). Montagens e desmontagens - desejo, estigma e vergonha entre travestis adolescentes. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), (10), 165–168. https://doi.org/10.1590/s1984-64872012000400008
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