Para que usamos biomarcadores na sepse? A resposta a tal questão é diversa. Uns dirão que usam os biomarcadores para avaliar o prognóstico dos doentes sépticos. (1) Mas para que usar um biomarcador apenas para ver que um doente tem um risco acrescido de morte, quando não é possível fazer nada para modificar esse prognóstico? (2) Como todos sabemos, já foram feitos várias dezenas de ensaios clínicos aleatorizados e controlados com o objetivo de modular a resposta infla-matória na sepse sem sucesso. (3,4) Outros responderão que usam os biomarcadores que acrescentam alguma informação adicional à avaliação clínica e laboratorial do doente séptico. (2,5) Essa informação clínica adicional pode ser categorizada da seguinte forma: triagem, diagnóstico, estratificação de risco, monitorização da evolução e decisão de prescrever antimicrobianos. (6) No entanto, antes de se utilizar um biomarcador na clínica, este deve passar por uma avaliação rigorosa que compreende três etapas. (7) A primeira consiste na validação analítica, que é um processo essencialmente de caracterização labo-ratorial do método de determinação do biomarcador. A segunda etapa consiste na qualificação, isto é, na avaliação da evidência de uma associação entre o bio-marcador e a doença, nomeadamente mostrando efeitos de intervenções clínicas, tanto no biomarcador como na evolução da doença. Dessa forma, por meio da monitorização do biomarcador, seria possível prever os efeitos de uma intervenção sobre a doença. É de notar que, na qualificação de um biomarcador, as relações deste com a doença são, na maioria das vezes, probabilísticas e não determinís-ticas. Por último, a utilização, ou seja, a avaliação do uso de um determinado biomarcador. Essa análise da evidência disponível deve ser feita em relação à uti-lização proposta para um determinado biomarcador, em particular avaliando as vantagens e as limitações. Neste número da RBTI é publicado um artigo original de Orati et al., em que acrescentaram informação clínica original sobre a utilização da proteína C-reativa (PCR). (8)
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Póvoa, P., & Salluh, J. I. F. (2013). Uso de biomarcadores na sepse: muitas perguntas, poucas respostas. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 25(1), 1–2. https://doi.org/10.1590/s0103-507x2013000100001
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