OBJETIVOS: Atualizar os principais aspectos relacionados ao quadro clínico e ao diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), assim como discutir sua validade como entidade nosológica e sua comorbidade. MÉTODOS: Descrição da sintomatologia clínica, detendo-se em seu significado fenomenológico, e revisão da literatura sobre comorbidade e validação diagnóstica. RESULTADOS: O TEPT tem sua apresentação clínica dividida em três grupos sintomatológicos relacionados à reexperiência traumática, ao comportamento de esquiva e distanciamento emocional e à hiperexcitabilidade psíquica. A estruturação diagnóstica do TEPT, especialmente a validade do constructo, vem sendo confirmada por evidências crescentes oriundas de estudos de natureza epidemiológica e neurobiológica. A prevalência de transtornos co-mórbidos próxima a 80% desperta a atenção sobre a maneira em que é conceituado o diagnóstico. Questiona-se se a imprecisão descritiva dos critérios diagnósticos, permitindo a sobreposição de sintomas de outros transtornos, não estaria contribuindo para uma superestimação da prevalência co-mórbida. CONCLUSÃO: O TEPT é considerado válido como diagnóstico, reconhecendo e legitimando a condição clínica, não necessariamente temporária, derivada essencialmente do trauma psicológico.OBJECTIVES: To update the main aspects of the clinical presentation and diagnosis of post-traumatic stress disorder and to discuss its validity as a nosological entity and its comorbidity. METHODS: It was carried out a description of the clinical symptomatology, focusing on its phenomenological significance and literature review on comorbidity and diagnostic validation. RESULTS: The clinical manifestations of PTSD can be divided into three symptomatological groups according to traumatic reexperience, avoidance and numbing, and psychic arousal. Growing evidence derived from a number of epidemiological and neurobiological studies has confirmed the PTSD diagnostic structure, especially the construct's validity. The presence of comorbid disorders in about 80% of the cases draws attention to the diagnosis formulation, whether the diagnostic criteria are imprecise, allowing the superimposition of other disorders' symptoms, and contributing to an overestimation of comorbid prevalence. CONCLUSION: PTSD is considered a valid diagnosis, as long as it also recognizes and legitimates the clinical condition, which is not necessarily temporary, derived from the psychological trauma.
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Câmara Filho, J. W. S., & Sougey, E. B. (2001). Transtorno de estresse pós-traumático: formulação diagnóstica e questões sobre comorbidade. Revista Brasileira de Psiquiatria, 23(4), 221–228. https://doi.org/10.1590/s1516-44462001000400009
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