Introdução: A cistatina C possui uma correlação superior com a taxa de filtrado glomerular e um prognóstico clínico mais significativo do que a creatinina. Procurou-se averiguar se constitui um marcador de função renal diferente da creatinina (cistatina C potencialmente superior à creatinina), em doentes com lúpus eritematoso sistémico.Material e Métodos: Foram avaliados 37 doentes com lúpus eritematoso sistémico, sem evidência de nefrite lúpica activa. Determinouse a cistatina C sérica por nefelometria e a creatinina pelo método de Jaffe modificado. Compararam-se cinco fórmulas: Chronic Kidney Disease – Epidemiology Collaboration cystatin; Chronic Kidney Disease – Epidemiology Collaboration creatinine-cystatin; Cockcroft-Gault, Modification of Diet in Renal Disease e Chronic Kidney Disease – Epidemiology creatinine, utilizando-se esta última como referência. Analisou-se a influência de factores clínicos e laboratoriais na variação da cistatina C, por regressão linear multivariada.Resultados: A cistatina C encontrava-se isoladamente elevada em dez participantes, ao invés de nenhuma elevação isolada dacreatinina, sendo esta diferença significativa (p = 0,002). Verificou-se uma diferença entre a taxa de filtrado glomerular estimada pela Chronic Kidney Disease – Epidemiology Collaboration cystatin e pela Chronic Kidney Disease – Epidemiology Collaboration creatinine (-6,0541 mL/min/1,73 m2, p = 0,07), mais acentuada para taxas de filtração glomerular mais baixas. Assim, a fórmula Chronic KidneyDisease – Epidemiology Collaboration cystatin reclassificou 4 doentes como tendo doença renal crónica de novo e um doente como não tendo doença renal crónica (p = 0,375). A cistatina C foi influenciada significativamente apenas pela idade (p < 0,001).Discussão: Vários estudos demonstraram que a cistatina C melhora a definição de doença renal crónica, permitindo uma classificação e uma estratificação do risco mais exactas, comparativamente à creatinina. A cistatina C revelou-se, neste estudo, um marcador de função renal promissor nos doentes com lupus, principalmente para taxas de filtrado glomerular mais baixas. A correlação da cistatina C com a idade para ser um factor confundente, na medida em que existe um declínio fisiológico da taxa de filtração glomerular com o envelhecimento.Conclusão: A cistatina C foi potencialmente superior à creatinina e nesta amostra a cistatina C pareceu detectar mais precocemente do que a creatinina alterações na taxa de filtrado glomerular, podendo ser um melhor método de rastreio de doença renal crónica no lúpus eritematoso sistémico.
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Peixoto, L., Aguiar, P., Bragança, R. de, Martins, J. R., Acabado, A. J., & Ducla-Sores, J. L. (2015). Cistatina C: Um Marcador de Função Renal Promissor em Doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico? Acta Médica Portuguesa, 28(3), 333–341. https://doi.org/10.20344/amp.5770
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