O ensaio tenta, através da análise da obra de Clarice Lispector, responder à pergunta se é possível chegar até ao extremo do não-dito atravessando uma selva espessa de palavras, contrariando, assim, o movimento teogônico que acompanha a passagem do silêncio à voz (a phoné) e dela à palavra (o logos). A literatura produzida pela escritora brasileira nos coloca, de fato, diante de uma linguagem que perde, aos poucos, o seu sentido, reencontrando-o apenas num silêncio que nos diz aquele interdito que a palavra não consegue pronunciar, aquela essência que se esconde e, ao mesmo tempo, se revela nas entrelinhas ou no fundamento inacessível de todo discurso.
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Finazzi-Agrò, E. (2021). A muda linguagem das coisas. Teresa, (21), 739–752. https://doi.org/10.11606/issn.2447-8997.teresa.2021.168886
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