Espondilodiscite Brucélica: Casuística dos Últimos 25 Anos

  • Lebre A
  • Velez J
  • Seixas D
  • et al.
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Abstract

Introdução: A brucelose é uma zoonose endémica em Portugal, sendo a espondilodiscite brucélica uma das manifestações focaismais frequentes. Pode provocar sequelas graves, apesar da terapêutica dirigida.Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos processos dos doentes com espondilodiscite brucélica, internados no Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, num período de 25 anos (1988-2012).Resultados: Foram identificados 54 doentes, 55,6% do sexo masculino, com idade média de 54,8 anos. Em 81,5% identificou-se contexto epidemiológico, maioritariamente contacto com gado ovino e caprino. A duração da sintomatologia prévia ao diagnóstico foi de 5,5 meses. Os sinais e sintomas mais frequentes foram: dor (98,1%), febre (46,3%) e défices neurológicos (25,9%). A ressonância magnética nuclear da coluna foi o exame imagiológico mais usado (77,8%) evidenciando abcessos em 29,6% dos doentes. A localizaçãolombar predominou (77,7%). O diagnóstico etiológico foi confirmado em 47 doentes (87,0%): microbiologicamente (3 doentes), serologicamente (32 doentes) ou por ambos (12 doentes). As associações de doxiciclina com rifampicina (64,8%), ou estreptomicina (24,1%) foram as mais utilizadas, com duração média de 4,4 meses de tratamento. Um doente teve indicação cirúrgica para drenar abcesso. A evolução foi maioritariamente favorável (92,6%), sem óbitos.Discussão: A investigação de contexto epidemiológico revelou ser uma peça importante na suspeita do diagnóstico. O tratamento da brucelose osteoarticular ainda é controverso.Conclusões: A espondilodiscite brucélica deve ser considerada no diagnóstico diferencial dos doentes com lombalgia, mesmo naausência de febre, particularmente em regiões onde a doença é endémica. O esquema antibiótico, sua duração e a necessidade de cirurgia deverão ser individualizados, com vista a um melhor prognóstico. O número de casos tem diminuído ao longo dos anos, facto relacionado com melhor controlo da endemia animal.

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Lebre, A., Velez, J., Seixas, D., Rabadão, E., Oliveira, J., Saraiva da Cunha, J., & Silvestre, A. M. (2014). Espondilodiscite Brucélica: Casuística dos Últimos 25 Anos. Acta Médica Portuguesa, 27(2), 204–210. https://doi.org/10.20344/amp.4117

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