Crônica política sobre um documento contra a "ditabranda"

  • Toledo C
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Este breve artigo, uma crônica política, examina o significado e os efeitos políticos e ideológicos de um abaixo-assinado criado na Internet, em fevereiro de 2009. "Repúdio e Solidariedade" questionou a utilização do termo "ditabranda" - difundido pelo jornal paulista Folha de S. Paulo para designar a ditadura militar brasileira -, bem como prestou solidariedade a dois acadêmicos e intelectuais da Universidade de São Paulo (USP), conhecidos por suas atuações em defesa dos direitos humanos no Brasil. Subscrito por mais de 8 mil signatários, em pouco mais de seis semanas, o abaixo-assinado pode ser considerado - como testemunham os extensos comentários nele contidos - um relevante documento na luta pelo direito à verdade e à justiça sobre os fatos ocorridos durante o regime militar brasileiro (1964-1985). Talvez o seu papel simbólico mais relevante seja o de ter fincado uma bandeira na luta ideológica em torno da memória sobre 1964. No centro dessa bandeira seria reinscrita - como propôs um dos signatários do documento - a antiga consigna: no pasarán. Ou seja, os setores democráticos e progressistas da sociedade brasileira que apoiaram "Repúdio e Solidariedade" afirmam que não aceitarão calados as "falsificações da história" que impliquem o insulto à memória dos que lutaram, foram torturados e morreram na luta pela redemocratização do país.Cet article abrégé, une chronique politique, examine le sens et les conséquences politiques et idéologiques d'une pétition parue sur Internet, en février 2009. « Rejet et solidarité » non seulement a mis en question l'emploi de l'expression « dictamolle » - diffusée par le journal Folha de São Paulo pour désigner la dictature militaire brésilienne -, mais encore a été solidaire avec deux académiciens et intellectuels de l'Université de São Paulo (USP), connus pour leurs actions visant la défense des droits de l'homme au Brésil. Soussignée par plus de 8000 signataires, en peu plus de six semaines, la pétititon peut être considérée - comme en témoignent les longs commentaires y figurant - un important document de la lutte pour le droit à la vérité et à la justice sur les faits survenus pendant le régime militaire brésilien (1964-1985). Peut-être son rôle symbolique le plus important soit celui d'avoir planté un drapeau dans la lutte idéologique autour de la mémoire sur 1964. Au centre du drapeau on inscrirait - comme l'a proposé l'un des signataires du document - l'ancienne dévise : no pasarán. C'est-à-dire les secteurs démocratiques et progressistes de la société brésilienne qui ont appuyé « Rejet et solidarité » prétendent qu'ils n'accepteraient en silence « les tromperies de l'histoire », un insulte à la mémoire de ceux qui se sont battus, qui ont été torturés et qui sont morts dans la lutte pour la redémocratisation du pays.This short article, a political chronicle, examines the meanings and political and ideological effects of a Internet petition that was created in February of 2009. "Repúdio e Solidariedade" ("Repudiation and Solidarity") questioned the use of the term "ditabranda" [a conjunction of two terms, "ditadura" and "branda" - or "soft dictatorship"] disseminated by the São Paulo news daily Folha de S. Paulo to refer to the Brazilian military dictatorship, and manifested solidarity with two University of São Paulo (USP) professors and intellectuals known for their action in defense of human rights in Brazil. Obtaining over eight thousand signatures in a period of less than six weeks, the petition may be considered (as the extensive comments which it includes testify to) a relevant document in the struggle for the right to truth and justice regarding what really happened during the period of the Brazilian military regime (1964-1985). Perhaps its most relevant symbolic role is that of staking claims within an ideological struggle over the memory of 1964. In the center of these claims sits a banner with the old motto "No pasarán". In other words, democratic and progressive sectors of Brazilian society that supported "Repúdio e Solidariedade" made it clear that they were not going to quietly accept "falsified views of history" that are an insult to the memory of those who struggled, were tortured and died in the struggle to redemocratize the country.

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Toledo, C. N. de. (2009). Crônica política sobre um documento contra a “ditabranda.” Revista de Sociologia e Política, 17(34), 209–217. https://doi.org/10.1590/s0104-44782009000300014

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