A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho

  • Brant L
  • Minayo-Gomez C
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Abstract

Tem-se como pressuposto que o processo de transformação do sofrimento em adoecimento, na gestão do trabalho, está relacionado não apenas com a produção e reprodução de discursos originários da medicina científica, mas também com um conjunto de práticas sustentadas, na atualidade, pela medicina ocupacional. Partindo da diferenciação conceitual entre sofrimento, dor e adoecimento, buscou-se na literatura e em entrevistas com trabalhadores e gestores elementos para demonstrar a existência deste processo. Constatou-se uma tentativa de silenciamento do sofrimento e uma cultura da promoção do adoecimento no espaço da empresa, envolvendo trabalhadores, profissionais da saúde e os gestores com a cumplicidade de famílias de trabalhadores identificados como pacientes. No entanto, alguns casos oferecem resistência ao processo, constituindo um verdadeiro movimento do contra-adoecimento. Conclui-se que, nesses dois séculos de "medicina científica", embora houvesse desejo de mudança, renovação das práticas e investimentos das mais diversas ordens, atos iatrogênicos e violências foram e são cometidos ainda em nome da ciência, da saúde e do bem-estar dos trabalhadoresStarting from the conceptual differentiation of suffering, pain and illness, we tried to find, through previous literary works and interviews with workers and managers, elements to demonstrate the existence of a transformation process that turns suffering into illness in the work management area. This process is not only related with the production and reproduction of discourses originally from the scientific medicine, but also with a set of practices supported, in the present time, by the occupational medicine. The evidences of our research point to the attempt of silencing this suffering and to the existence of an illness promotion culture in the company space. This situation involves workers, health professionals, and managers with the complicity of the families whose workers are identified as patients. However, some cases have shown resistance to this process, which constitutes a real counter-illness movement. After these elements we came to the conclusion that, during these two centuries of scientific medicine, despite the desire of changing and renewing practices and investments, iatrogenic acts and violence still have been done in the name of science, of health, and of workers well-being.

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Brant, L. C., & Minayo-Gomez, C. (2004). A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, 9(1), 213–223. https://doi.org/10.1590/s1413-81232004000100021

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