COVID-19: O que todos devemos saber!

  • Orsini M
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Abstract

Toda vez que eclode uma doença infecciosa, independente de agente patógeno, existem sempre duas respostas. No caso do ví­rus, especificamente quando ocorre invasão celular, a célula sinaliza que seu mecanismo de ação já está combalido "˜dominado"™ e dispara o mecanismo de apoptose (suicí­dio programado) - tal mecanismo para qualquer célula corpórea. Em adição, a resposta imunológica exacerbada, ou seja, a utilização de um enorme grupo de células de defesa maior que o agente agressor, provoca um desequilí­brio da resposta imunológica (tempestade inflamatória).O COVID-19 tem mostrado em pouco tempo que parece "conhecer" todas as cadeias de "˜sinalização"™ que se associam ao sistema imune. Essa resposta em cascata relaciona-se com a presença de citocinas liberadas pelos linfócitos B, ativadas por macrófagos que, posteriormente, processam antí­genos do ví­rus em questão. Tal informação é rapidamente repassada para o linfócito T.Em resumo, não somente a parte "˜citopática"™ do linfócito T quanto í  produção de citocinas aos anticorpos do linfócito B fazem eclodir uma ebulição inflamatória. Independente dessas colocações se observarmos a replicação viral existem três tipos de material genético do ví­rus. Existem ví­rus do tipo DNA, RNA positivo e RNA fita negativo. O COVID-19 é um ví­rus RNA fita positivo, ou seja, ele não precisa ser transformado em fita RNA negativo para depois ser mutado para DNA e, conseqüentemente, em RNA positivo.Chama atenção o imediatismo de replicação viral pelo ribossomo citoplasmático, muito rico no reticulo endoplasmático rugoso. O CODIV-19 possui uma "™replicase"™ que faz parte de seu próprio núcleo. Indubitavelmente, podemos considerá-lo como um patógeno autônomo de material genético. A maquinaria, após sofrer infecção, começa a dar sinais de fragilidade e associar o "botão" de start para "morte" programada.Os fisioterapeutas, além dos médicos que lidam com pacientes internados por CODIV-19, devem ter em mente a ação das citocinas, dos pneumócitosII e da ACE II, principais gatilhos para tal cascata. Os enfermos graves são, em sua maioria, "sépticos" e "inflamados".Eventualmente me perguntam se o CODID-19 trata-se de um ví­rus pulmonar. Obvio que não – é uma doença sistêmica. Entretanto relembremos que o ví­rus atinge os pneumócitos do tipo II (células do tipo pneumócitos, encontradas no parênquima pulmonar e exuberante nos alvéolos). Essas produzem e secretam surfactantes, um tipo de substância composta de fosfolipí­deo e proteí­nas, que reduzem a tensão superficial alveolar e impedem a aproximação das moléculas de água e, conseqüentemente, o colabamento dos alvéolos pulmonares.Possuo como autor, fascí­nio por dois tipos de sistemas do nosso organismo: o sistema nervoso central (que é único – essas subdivisões que o desmembram em (periférico, autonômico e vegetativo) são didáticas e pouco provocativas quando não associadas, além do imunológico, esse fantástico. Faço referência ao sistema imune do metazoário (organismo superior) – altamente sofisticado. Possuí­mos um mecanismo de defesa tanto inato como adquirido que nos fez chegar, lutar, sobreviver até os dias atuais. Sistema esse que o COVID-19 parece ter a chave de toda a engrenagem de sinalização.Retornando ao processo inflamatório, desculpem-me por ser prolixo e reminiscente, mas esse é um universo ainda não explorado. Por exemplo, a infecção do sistema nervoso central é uma particularidade do SNC (Encefalite\Mielite), seguida ou associada í  inflamação. A infecção da pneumonia, no parênquima pulmonar, seguida ou associada de inflamação. No coração, a infecção/inflamação expressadas pela miocardite.Em resumo, entender o processo inflamatório, é um conhecimento que perpassa as infecções agudas, subagudas e crônicas, embora não gostemos da titulação fornecida às infecções subagudas, pois são agudas ou crônicas.Um último questionamento que gostaria de levantar aqui faz referência ao termo "degenerativo". Tal termo não deveria mais ser utilizado em nosso meio. O que é degenerativo? Devemos ter uma causa para tal. Caso contrário, desde que nascemos estamos degenerando. Por exemplo, a aterosclerose já é considerada uma doença inflamatória. Os fatores de risco considerados desfavoráveis para a COVID-19 são as doenças inflamatórias crônicas e o comportamento individual de nosso sistema imune í  agressão viral. Podemos citar diabetes, asma, DPOC, hipertensão, obesidade e aterosclerose. Creio que o maior exemplo de doença inflamatória crônica é a obesidade. Todos esses mecanismos levam a destruição tecidual. Acabamos utilizando uma epigrama de que todos os caminhos nos levam a Roma, ou seja, vários mecanismos levam í  morte celular, contemplando nesse cenário a própria apoptose celular (suicí­dio celular programado).Esse, que tanto falamos, pode ser considerado um ví­rus "˜simples"™, entretanto conhecedor de vários caminhos do sistema imune e central que ainda desconhecemos; mas certamente iremos bloqueá-lo – até que venha um novo.Â

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Orsini, M. (2020). COVID-19: O que todos devemos saber! Fisioterapia Brasil, 21(2), 133–134. https://doi.org/10.33233/fb.v21i2.4073

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