Epidemia de Covid-19: questões críticas para a gestão da saúde pública no Brasil

  • Sodré F
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Resumo A epidemia de Covid-19 exigiu planejamento imediato do Ministério da Saúde brasileiro. As ações do governo mostraram contradições entre a presidência e o Ministério da Saúde. O objetivo deste ensaio é a reconstituição das ações do governo federal no enfrentamento da pandemia por Covid-19. Tais ações traduziram-se em uma política organizada em três frentes: o protagonismo dos governadores; o falso dilema entre a economia e a saúde e; a militarização do Ministério da Saúde com preenchimento dos quadros do corpo técnico por militares. Nos quatro meses iniciais após o registro do primeiro caso de Covid-19, o Ministério da Saúde saiu da linha de frente das ações e os estados conduziram as principais medidas de enfrentamento por meio da compra de materiais e serviços da iniciativa privada. Instaurou-se falsa cisão entre as medidas sanitárias e as medidas de retomada econômica. A condução da saúde pública foi repassada para militares, alterando o campo técnico-político. O modo de gerir baseado na negação da epidemia e na ausência de proposições pelo Ministério da Saúde caracterizou-se pelo abandono às medidas de proteção à saúde, objetivado na pergunta ‘E daí?’, proferida pelo presidente da república quando questionado sobre os óbitos no Brasil.Resumen La epidemia de COVID-19 exigió planeamiento inmediato del Ministerio de Salud brasileño. Las medidas del gobierno mostraron contracciones entre la presidencia y el Ministerio de Salud. El objetivo de este artículo es la reconstitución de las medidas del gobierno federal en el combate a la pandemia por COVID-19. Tales medidas se tradujeron en una política organizada en tres frentes: el protagonismo de los gobernadores; el falso dilema entre la economía y la salud y; la militarización del Ministerio de Salud, al colocar en los cuadros del cuerpo técnico a militares. En los cuatro meses iniciales después del registro del primer caso de COVID-19, el Ministerio de Salió salió de la línea de frente de las acciones y los estados fueron los que condujeron las principales medidas de combate por medio de la compra de materiales y servicios de iniciativa privada. Se instauró la falsa escisión entre las medidas sanitarias y las medidas de reanudación económica. La conducción de la salud pública les fue repasada a los militares, alterando el campo técnico-político. El modo de gestionar basado en la negación de la epidemia y en la ausencia de proposiciones del Ministerio de Salud se caracterizó por el abandono de las medidas de protección a la salud, objetivado en la pregunta “¿Y qué”? (‘E daí?’), proferida por el presidente de la República cuando le preguntaron sobre las muertes en Brasil.Abstract The COVID-19 epidemic required immediate planning by the Brazilian Ministry of Health. The government’s actions showed contradictions between the presidency and the Ministry of Health. The purpose of this article is to reconstruct the actions of the federal government in confronting the COVID-19 pandemic. Such actions resulted in a policy organized on three fronts: the role of governors; the false dilemma between the economy and health and; the militarization of the Ministry of Health, done by filling the staff with military personnel. In the initial four months after the first registered case of COVID-19, the Ministry of Health left the front line of the actions and the states conducted the primary measures of confrontation through the purchase of materials and services from the private sector. A false division was established between the sanitary measures and the economic recovery measures. The conduct of public health was passed on to the military, changing the technical-political field. The way of management based on the denial of the epidemic and the absence of proposals by the Ministry of Health was characterized by the abandonment of health protection measures, objectified in the question ‘So what?’, delivered by the president of the republic when asked about deaths in the Brazil.

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Sodré, F. (2020). Epidemia de Covid-19: questões críticas para a gestão da saúde pública no Brasil. Trabalho, Educação e Saúde, 18(3). https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00302

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