Apresentação do Dossiê - “Política de Ações Afirmativas em Instituições do Ensino Superior (IES): em debate o acesso e a equidade”

  • Buiatti V
  • Jeffrey D
N/ACitations
Citations of this article
9Readers
Mendeley users who have this article in their library.

Abstract

As ações afirmativas no ensino superior brasileiro, nas últimas décadas, têm se configurado como um aspecto relevante no que tange à democratização do acesso a este nível de ensino e à pluralidade étnico-racial da população negra (pretos e pardos), especialmente, após a divulgação de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no ano de 2019, que apontou em Pesquisa Nacional de Mostra a Domicílios Contínua (2018), que a população de estudantes negros (pretos e pardos) havia alcançado 50,3% de presença nas universidades públicas, enquanto a população branca representava 49,7% do total. Uma das hipóteses apresentadas pelo IBGE (2019), a fim de analisar o resultado obtido teria sido a adoção do sistema de cotas étnico-raciais, favorecendo, portanto, a presença da população negra (pretos e pardos) nas universidades públicas. Diante desse fato, é imprescindível o entendimento de que a adoção dos sistemas de cotas étnico-raciais resulta de um conjunto de ações afirmativas relacionadas à garantia ao direto à educação, combate ao racismo e a todas as formas de discriminação e preconceito racial, legitimadas juridicamente, tais como a Lei 12.711/2012 (Lei de Cotas), a Lei 12.990/2014 (Reserva de vagas para negros em concursos públicos) e as orientações do Supremo Tribunal Federal - Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 41, em defesa da Lei Federal 12.990/2014. Esse arcabouço jurídico vem assegurando aos/as estudantes negros (as) (pretos e pardos), a igualdade de direitos no que tange o acesso ao ensino superior, que de acordo com Gomes (2005), representaria um princípio jurídico, enquanto objetivo constitucional a ser respeitado pelo Estado e pela sociedade. Considerando esse aspecto, as ações afirmativas, ainda segundo Gomes (2005, p. 51), podem ser definidas como políticas públicas e privadas voltadas à concretização do princípio constitucional da igualdade material e à neutralização dos efeitos da discriminação racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição física. A esse respeito, Gomes (2005) considera que as ações afirmativas podem ter caráter compulsório, facultativo ou voluntário, objetivando a igualdade de oportunidades, induzindo transformações de ordem cultural, pedagógica e psicológica, ao coibir a “discriminação estrutural”, mediante a implantação de medidas que visam proporcionar a diversidade e representatividade de grupos minoritários em determinada atividade pública e privada, não se restringindo, portanto, somente à adoção do sistema de cotas.

Cite

CITATION STYLE

APA

Buiatti, V. P., & Jeffrey, D. C. (2022). Apresentação do Dossiê - “Política de Ações Afirmativas em Instituições do Ensino Superior (IES): em debate o acesso e a equidade.” Revista Educação e Políticas Em Debate, 11(1), 13–22. https://doi.org/10.14393/repod-v11n1a2022-64892

Register to see more suggestions

Mendeley helps you to discover research relevant for your work.

Already have an account?

Save time finding and organizing research with Mendeley

Sign up for free