Trabalhar com grupos juvenis de contextos interculturais e sociais distintos àquele do pesquisador exige cuidado e rigor no procedimento e na escolha dos métodos a serem utilizados para a coleta de dados, assim como uma preparação para o trabalho de campo. Mesmo assim, o pesquisador será confrontado com códigos de comunicação e estilos de vida que lhe são alheios. A decodificação desses sistemas exige uma espécie de imersão do pesquisador no meio pesquisado e um controle metodológico permanente do processo de interpretação, de forma a evitar vieses ou afirmações distorcidas sobre a realidade social de seus entrevistados. Nos últimos anos, o número de dissertações e teses sobre infância e juventude tem aumentado consideravelmente. No entanto, pela necessidade de entregarmos os trabalhos nos prazos estipulados ou por atribuirmos ao referencial teórico maior grau de importância, poucas vezes nos dedicamos a reconstruir a trajetória percorrida durante a fase de coleta e análise dos dados empíricos e a justificar as escolhas teórico-metodológicas realizadas. O presente artigo reconstrói o percurso de uma pesquisa de campo realizada com jovens em São Paulo e em Berlim, apresenta os instrumentos utilizados na coleta de dados e analisa o emprego dos grupos de discussão como um método de pesquisa que privilegia as interações e uma maior inserção do pesquisador no universo dos sujeitos, reduzindo, assim, os riscos de interpretações equivocadas sobre o meio pesquisado.Working with groups of youngsters from social and intercultural contexts distinct from those of the researcher requires care and rigor in the procedure and choice of methods to be used in data collection, just as in the preparation for the fieldwork. Even so, the researcher will be confronted with codes of communication and lifestyles that are alien to him/her. The decoding of these systems demands a kind of immersion of the researcher into the medium studied, and a constant methodological control of the process of interpretation, so as to avoid biases and distorted statements about the social reality of the interviewees. In the last years, the number of theses and dissertations about childhood and youth has increased considerably. However, because of the need to comply with deadlines, or for attributing to the theoretical framework a higher level of importance, we seldom dedicate ourselves to reconstruct the trajectory followed during the phases of collection and analysis of the empirical data, and to justify our theoretical-methodological choices. The article reconstructs the path followed by a fieldwork carried out with youngsters in São Paulo and in Berlin, describes the instruments used to collect data, and analyzes the use of discussion groups as a research method that privileges interactions and the greater insertion of the researcher in the subjects' universe, thereby reducing the risk of mistaken interpretations about the medium researched.
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Weller, W. (2006). Grupos de discussão na pesquisa com adolescentes e jovens: aportes teórico-metodológicos e análise de uma experiência com o método. Educação e Pesquisa, 32(2), 241–260. https://doi.org/10.1590/s1517-97022006000200003
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