A morte violenta de crianças pelas mãos de seus familiares está se tor-nando comum, assim como o abandono de bebês recém-nascidos nas ruas, em terrenos baldios, em latas de lixo. O que podemos concluir dessas trágicas notí-cias que os jornais nos trazem todos os dias? O que leva adultos à pratica de atos como esses? Tudo indica que a dificuldade de pensar esses acontecimentos não é ape-nas de leigos. Há todo um conjunto de instituições sociais dedicadas à solução dos problemas da juventude e da infância em dificuldades com a família que, via de regra, também não sabem entender esses casos nem agir do modo mais adequado, como os Conselhos Tutelares e os técnicos que emitem laudos que subsidiam decisões das quais depende a garantia dos direitos dessas crianças e jovens. No dia 07 de setembro último, a imprensa divulgou mais um desses ca-sos. Dois irmãos, de 12 e 13 anos de idade, foram, dois dias antes, brutalmente assassinados pelo pai e pela madrasta num município da Grande São Paulo. Depois de nove meses internados num abrigo por determinação do Conselho Tutelar, que acatou denúncias de maus-tratos, eles foram devolvidos à família quatro meses antes do crime, apesar de seu desejo expresso de continuar no abrigo. Poucos dias antes de sua morte, foram encontrados pela polícia vagan-do pelas ruas, quando teriam informado que haviam sido expulsos de casa pela madrasta. Levados ao Conselho Tutelar, foram novamente devolvidos à família. Dois dias depois, estavam mortos, esquartejados e queimados pelo casal, que EM DEBATE
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Mello, S. L. de, & Patto, M. H. S. (2008). Psicologia da violência ou violência da psicologia? Psicologia USP, 19(4), 591–594. https://doi.org/10.1590/s0103-65642008000400013
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