O presente artigo defende o resgate da conexão da cidade com a fonte de seu alimento. Parte-se da premissa de que o estilo de vida contemporâneo, calcado na desconexão do ser humano com a origem e a forma como seu alimento é produzido e distribuído, gera uma série de consequências negativas na organização e no funcionamento das cidades, percebidas coletivamente, especialmente na infraestrutura rodoviária, no meio ambiente, na saúde pública, na economia e no patrimônio cultural. Defende-se que o Poder Público, no desenho e na gestão das cidades, deve atuar na reversão dos efeitos causados pela aludida desconexão. A reaproximação e a integração dos núcleos urbanos com o meio rural reduzem a sobrecarga no sistema rodoviário, os gastos com manutenção e os inconvenientes da dependência da infraestrutura de rodovias para distribuição dos alimentos a grandes distâncias. Ao se estimular a adoção de medidas de agricultura e alimentação sustentáveis no âmbito local, reduz-se a pressão sobre os recursos naturais, protege-se a biodiversidade, criam-se espaços mais agradáveis, além de se produzir efeitos positivos à saúde. A criação de políticas e ações de apoio ao pequeno produtor rural local, assim como o estímulo à criação de mercados consumidores nas localidades adjacentes, fortalece a cadeia econômica local, cria alternativas de mercado de trabalho e reduz as externalidades decorrentes da concentração de mercado. A proteção do patrimônio culinário e gastronômico local também atua como importante componente de identidade cultural, fortalecendo vínculos de pertença e de identidade da população à região que ela habita. Esses são os principais motivos justificadores da integração do meio urbano com o rural como desafio para a criação de comunidades e cidades sustentáveis.
CITATION STYLE
Niebuhr, P. D. M. (2018). A cidade e o alimento. Revista de Direito Da Cidade, 10(3). https://doi.org/10.12957/rdc.2018.32998
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.