Este trabalho revisa a literatura sobre crescimento físico de populações indígenas do Brasil. Os estudos voltados para caracterização do estado nutricional através da antropometria são relativamente recentes e, ainda, não chegam a prover um quadro claro da situação. Quando comparadas com crianças brasileiras ou com populações-referência internacionais (NCHS), as indígenas são em média de menor estatura e peso, ainda que mantenham a proporcionalidade corporal, avaliada pelo indicador 'peso para estatura'. Estes resultados podem ser interpretados como evidência de altas freqüências de desnutrição energética-protéico crônica. Pelo menos para alguns grupos, dados oriundos de inquéritos de saúde provêem evidências favoráveis à existência de condições nutricionais marginais. É indicado, contudo, que curvas de referências internacionais talvez não sejam adequadas para avaliar o crescimento físico de populações específicas, incluindo as crianças indígenas brasileiras. Chama-se atenção, também, para o fato de que mudanças nas práticas tradicionais de subsistência e nas condições de saúde devido ao processo aculturativo podem contribuir para a deterioração do estado de nutrição das populações indígenas.This paper reviews the literature on the physical growth of native populations from Brazil. Studies aiming at relating the physical growth patterns of these populations to their nutritional status are relatively recent and still do not provide a comprehensive picture of the situation. Compared to non-indigenous Brazilian children and international reference populations (NCHS), indigenous children are short and light for their age, although they maintain their body proportionality, as evaluated by weight for height. These findings could be interpreted as an indication of high rates of chronic protein-energy undernutrition. At least for some groups, data derived from health surveys provide further indication of the existence of marginal nutrition. It is pointed out, however, that international reference curves may not be appropriate for evaluating the physical growth of specific populations, which may be the case of Brazilian indigenous children. It is also pointed out that changes in subsistence practices and in health profiles due to the acculturation process may contribute to the deterioration of nutritional status of indigenous peoples.
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Santos, R. V. (1993). Crescimento físico e estado nutricional de populações indígenas brasileiras. Cadernos de Saúde Pública, 9(suppl 1), S46–S57. https://doi.org/10.1590/s0102-311x1993000500006
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