A doença displásica da anca (DDA) é uma enti-dade definida por displasia ou malformação do acetábulo, com um espectro variável de incapacidade de contenção da cabeça do fé-mur, com semiologia e quadros clínicos variáveis em re-lação à idade de aparecimento. O diagnóstico pode fa-zer-se desde a fase neonatal até á idade adulta. A evolução para a artrose da anca ocorre, com fre-quência, em relação directa com casos de diagnóstico tardio. É uma patologia responsável por mais de meta-de das artroplastias de substituição da anca no sexo fe-minino. O conceito antigo de luxação congénita da anca evoluiu para o de doença displásica da anca, por ser uma denominação mais abrangente em termos clíni-cos, pois nem todas as displasias evoluem para a luxa-ção. 1 ETIOLOGIA Existem vários factores a considerar na etiologia desta entidade. A laxidão ligamentar, como factor predisponente ou agravante para esta situação, tem sido largamente referida; a influência das hormonas maternas no perío-do pré-parto é importante, agravando este aspecto da doença. 2 Esta é a razão pela qual a doença é mais fre-quente no sexo feminino (a relaxina materna tem uma acção mais intensa neste), e explica, também, porque é que muitas crianças referenciadas à consulta por sus-peita de DDA já não apresentam qualquer sinal de ins-tabilidade cerca de 1 ou 2 semanas depois. A apresentação pélvica, especialmente se associada a hiperextensão do joelho, é considerada factor de ris-co (ocorre em 20% dos casos) e atrai a atenção de Neo-natalogistas, Pediatras e Médicos de Família. Pelo mes-mo mecanismo de conflito de espaço são, também, re-feridos o oligoâmnios e a primeira gestação. O aumen-to de incidência de Torticolis congénito (14% a 20%) e Metatarsus aductus (1,5% a 10%) em casos de DDA, é explicado pela mesma razão. 3 O posicionamento post natal em algumas culturas (Índios Navajos e Europa Central e de Leste), com ex-tensão dos membros e uso de ligaduras contrariando a posição normal do recém-nascido em flexão, é indica-do como um dos factores predisponentes. De modo in-verso, a colocação do recém-nascido com os membros inferiores em posição de abdução, como nas culturas africanas, em que a criança é transportada no dor-so/anca da mãe, é considerado como um factor bené-fico. 2, 3 Factores geográficos/étnicos: A raça negra e a asiá
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Sant´Anna, F. (2009). Doença displásica da anca - Conceitos básicos e orientações em Medicina Geral e Familiar. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 25(4), 445–449. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v25i4.10649
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