O artigo debruça-se sobre o sexismo na divulgação científica a partir da análise de comentários que receberam maior número de curtidas e respostas – dentre os mais de 15 mil identificados até a data da coleta – em um vídeo do canal Nerdologia sobre sexismo. O exame dos comentários indica predominância de repercussão negativa sobre a narrativa conduzida por uma mulher em ambiente originalmente comandado por apresentadores do sexo masculino. O objetivo do artigo é atribuir sentido às reações dos usuários como parte do ciclo comunicacional da plataforma YouTube, considerando as manifestações de curtidas e respostas como aspectos que corroboram com comentários sexistas que deslegitimam a presença feminina e distorcem argumentos de defesa da equidade de gêneros. A análise sinaliza para os modos como mulheres se encontram em posição de vulnerabilidade ao atuarem na divulgação das ciências, considerando-se os preconceitos, os estereótipos e a desqualificação como componentes de processos socioculturais, econômicos e políticos que fragilizam a atuação das mulheres em instituições que se posicionam como detentoras de privilégios – como a Ciência. Os estereótipos desqualificadores são indícios de modos de configuração do fazer e divulgar ciência, marcado por clivagens, desigualdades e hierarquizações nas relações de gênero, indicando também a necessidade de desenvolvimento de uma consciência crítica de como o gênero influencia as ciências e os processos de comunicação científica.
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Da Costa, V. S., & De Carvalho, C. A. (2020). Mulheres não podem falar de ciência? Análise de comentários sexistas em vídeo do canal Nerdologia. Em Questão, 42–64. https://doi.org/10.19132/1808-5245261.42-64
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