Philippe Lejeune, ao examinar a produção autobiográfica em língua francesa, identificou um traço constante nas obras de sua leitura, ao qual ele deu o nome de “pacto autobiográfico”. Em uma de suas formulações, o pacto autobiográfico seria a manifestação do engajamento pessoal do autobiógrafo, por meio de uma construção textual (prefácio, nota introdutória, preâmbulo) ou paratextual (título e subtítulo, informações de contracapa e orelhas do livro), que permite ao leitor admitir o texto como expressão da personalidade daquele que escreve, em seu valor de verdade. A construção teórica se mostra insuficiente: de um texto a outro, Lejeune revê e rediscute o pacto, aplicando nuances, levantando as ambiguidades em que o gênero está envolvido. Nessas tentativas de se aproximar mais do gênero, ele se expressa de maneira autobiográfica. Com isso, seu texto torna-se ele mesmo um objeto de estudo. Busco, em minha pesquisa, evidenciar o caráter relacional do pacto autobiográfico, na conjugação de atos de escrita e leitura. Parto de uma leitura de seus estudos sobre o gênero autobiográfico, colocando-os em diálogo com sua própria trajetória de pesquisador. Indo além, interessa-nos observar as leituras que Lejeune empreende em torno das Confissões de Rousseau, em paralelo aos primeiros textos teóricos. Em seguida, considerar os pactos lançados nos estudos em torno de diários, realizados num momento posterior às teorizações do pacto autobiográfico. Importa colocar em evidência as maneiras pelas quais o pacto se manifesta no próprio texto crítico de Lejeune. Nesse sentido, busco articular a dimensão autobiográfica e a dimensão crítica de seus textos.
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Candido Gomes, N. O. R. (2015). LENDO E ESCREVENDO SOBRE O PACTO AUTOBIOGRAFICO DE PHILIPPE LEJEUNE. Non Plus, (5), 192–195. https://doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v3i5p192-195
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