Cidades Complexas no Século XXI: ciência, técnica e arte

  • LIMENA M
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Abstract

A discussão sobre o futuro das metrópoles contemporâneas realizada neste artigo parte do pressupos-to de que as crises urbanas não podem ser pensadas como resultado de um processo linear ou determinado, mas como processo complexo, que requer uma visão macroscópica, visando à identificação de seus atributos, suas tendências, contratendências, determinações e indeterminações. Propõe formas de compreensão pauta-das por uma ampliação dos operadores cognitivos, estabelecendo o diálogo interdisciplinar que busca superar os limites entre ciência, técnica e arte. Palavras-chave: urbanismo; imaginário urbano; complexidade; interdisciplinaridade. A condição urbana baseia-se na coexistência de oposições e uma só imaginação não basta para integrar as verdadeiras contradições. Rem Koolhaas Desenhar a cidade dos sonhos é fácil; reconstruir a vida requer imaginação. Jane Jacobs Fornecer respostas a estas questões implica a constru-ção de outras formas de compreensão da cidade e do fenô-meno urbano, como parte integrante de um projeto de sociedade planetária, estabelecendo um diálogo interdisci-plinar que busque interconexões e possa constituir as bases para um saber menos restritivo e redutor. Nessa pers-pectiva, as crises urbanas não podem ser pensadas como resultado de um processo linear ou determinado, mas como um processo complexo, que requer uma visão macroscópica, capaz de identificar seus atributos, suas tendências, contratendências, determinações e indeterminações. É certo que a escolha de futuros possíveis é extrema-mente ampla e variada. Cada opção pode nos parecer como um espelho de nossas esperanças e desejos de ambientes mais humanizados. Marshall McLuhan suge-riu, em 1960, que o mundo inteiro iria se tornar, um dia, uma "aldeia global", na qual todos os membros da hu-manidade poderiam interagir num simulacro em tempo real de uma comunidade neolítica. Passados 40 anos, a presença das assim chamadas comunidades virtuais ex-pressa, de certo modo, a realização dessa profecia. Mo-vimentos ambientalistas preconizam o "retorno à natu-reza", por meio do estabelecimento de comunidades rurais às margens da civilização urbanizada, enquanto outros movimentos também têm pregado os kibbutzen urbanos, localizados no coração de grandes cidades como Londres, Paris e Nova York. valiando-se o quadro geral das cidades atuais-em que os problemas se acumulam em veloci-dade sempre superior às possibilidades de so-lução-, algumas questões impõem-se à reflexão: o mo-delo de cidade moderna, ou pós-moderna, responde às exigências impostas pelo mundo nesta entrada de milê-nio? O pensamento sobre as cidades, que repousa nos princípios herdados do racionalismo, ainda consegue res-ponder à necessidade de garantir o planejamento e os projetos de sistemas complexos como a cidade e o terri-tório? Será que os valores implícitos nesse paradigma ainda são compatíveis com as grandes transformações em curso, como o movimento de desterritorialização, novos princípios de organização do espaço baseados na idéia de fluxos-de matéria, de mercadorias, de capitais, de pessoas, de bens, de informações? Como pensar e proje-tar o futuro, de forma a garantir que a realidade urbana possa ser vivida como experiência humana, individual e coletiva?

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LIMENA, M. M. C. (2001). Cidades Complexas no Século XXI: ciência, técnica e arte. São Paulo Em Perspectiva, 15(3), 37–44. https://doi.org/10.1590/s0102-88392001000300006

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