Micoses do sistema nervoso

  • Lacaz C
  • Assis J
  • Bittencourt J
N/ACitations
Citations of this article
6Readers
Mendeley users who have this article in their library.

Abstract

As micoses do sistema nervoso central não têm merecido atenção cuidadosa dos neurologistas. Elas afetam o neuraxe em diferente percentagem: a granulomatose criptocóccica (torulose) é a mais freqüente, seguindo-se a actinomicose; a granulomatose paracoccidióidica só excepcionalmente determina lesões meningoencefálicas. Do ponto de vista clínico, as neuromicoses podem ser divididas em duas formas: tumorais encefalomedulares e meningíticas. Estas predominam sobre as tumorais, das quais são mais freqüentes as de localização encefálica. Não são raros os quadros mistos, meningoencetálicos. As formas tumorals encefálicas abrangem vários tipos anátomo-patológicos - abscesso, granuloma, nódulos e cistos - sendo mais comuns os dois primeiros, todos êles produzindo o quadro clinico da síndrome hipertensiva intracraniana. As formas meningomedulares, em geral, são secundárias às lesões ósseas vertebrais, sendo a actinomicose, por ser a mais osteófila, a micose que mais freqüentemente atinge a medula. Nestes casos, o quadro clínico da síndrome compressiva é o mais comum. As meninges participam do processo fúngico, na maior parte dos casos; as manifestações clínicas variam desde o simples meningismo, até as meningites purulentas e meningoencefalites graves, havendo a possibilidade de se formarem aracnoidites císticas, ependimites e bloqueios ventriculares, do aqueduto ou mesmo do canal raquidiano. O diagnóstico das micoses do sistema nervoso central é comumente um "achado de autópsia". Somente a verificação do cogumelo no líquor e o seu isolamento permitem um diagnóstico seguro. Outros dados liquóricos, quando bem interpretados com os achados clínicos e neurológicos, orientam o analista na pesquisa do agente fúngico. O quadro anátomo-patológico nada tem de caraterístico, a não ser a presença do agente parasitário e só o seu encontro firma o diagnóstico. Examinamos 25 casos de granulomatose paracoccidióidica, que foram estudados do ponto de vista neurológico, liquórico e sorológico, procurando-se sistematizar as provas de fixação de complemento com filtrado de P. brasiliensis. São descritas as técnicas utilizadas e os resultados obtidos. Dos 25 casos estudados, 24 eram de localização tegumentar e visceral e não havia lesão neurológica imputável à infecção fúngica: pequenas alterações liquóricas encontradas foram explicadas pela rotura da barreira hemoliquórica, com passagem de reaginas do sangue para o líquor. O último caso descrito era de localização faringo-laringo-pulmonar, com provável repercussão medular, originando uma síndrome meningo-radículo-medular que cedeu quase completamente ao tratamento sulfanilamídico.The mycosis of the hentral nervous system have not yet been carefully studied. The involvement of the neuraxis is related to various species: cryptococcal granulomatosis (torulosis) is the most frequent and is followed by actinomycosis; the neurologic lesion of paracoccidoidal granulamatosis is exceptional. Clinically, the authors distinguish two groups of neuromycosis: a, prevailing meningeal form and a tumoral cerebrospinal form, in which the brain is frequently the site of lesion. But the mixed, meningo-cerebrospinal types, are not rare. The tumoral cerebrospinal forms assume the pathological features of abscesses and granulomata, and seldom of nodules and cysts; they all lead to intracranial hypertension. The meningospinal forms are generally secondary to vertebral lesions; therefore, the highly osteophilous actinomycosis is the disease which mostly involves the spinal cord and usually the clinical feature is one of compression. The meningeal signs varies from mild meningism to purulent meningitis and severe meningoencephalitis; in such cases, cystic arachnoiditis, ependymitis and ventricular and spinal block are apt to occur. Usually, the diagnosis of mycosis of the central nervous system is a "finding of necropsy". Only the presence of the fungus in the cerebrospinal fluid and its, isolation allow an accurate diagnosis. Other elements of the espinal fluid, when correctly aided by cliniconeurological data, help the research of the fungus. The histopathological features are not typical; the only diagnostic evidence is the presence of the parasite. The authores report 25 cases of paracoccidioidal granulomatosis which have been studied form neurological, serological and spinal fluid standpoints. The authors tried to settle the complement-fixation tests with Paracoccidioides brasiliensis filtrate; the methods and results are reported. In 24 cases, the mycosis was cutaneous and visceral and there was no neurological sign which could be ascribed to the fungous disease; the slight changes found in the cerebrospinal fluid were explained by rupture of the blood-spinal fluid barrier, allowing permeation of blood reagines. In the last case, the mycosis had pharyngo-laryngo-pulmonary site, whit probable secondary spinal involvent responsible for a meningo-radiculo-spinal syndrome which has almost completely disappeared with sulfanilamide treatment

Cite

CITATION STYLE

APA

Lacaz, C. da S., Assis, J. L. de, & Bittencourt, J. M. T. (1947). Micoses do sistema nervoso. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 5(1), 1–52. https://doi.org/10.1590/s0004-282x1947000100001

Register to see more suggestions

Mendeley helps you to discover research relevant for your work.

Already have an account?

Save time finding and organizing research with Mendeley

Sign up for free