O objectivo deste artigo é proceder a uma caracterização do consumo de cannabis durante a adolescência, bem como das suas consequências a médio prazo, na vida dos indivíduos. Utilizaram-se, para tal, dados de um estudo longitudinal, em que várias centenas de alunos portugueses do ensino básico foram seguidas, desde a infância até aos últimos anos da adolescência, e avaliadas em vários domínios do seu funcionamento. No geral, os resultados mostraram que o consumo de cannabis é uma prática rara, no fim da infância e início da adolescência; vai aumentando regularmente com a idade; apresenta uma estabilidade temporal fraca ou moderada; e aparece associado a outras formas de consumo de droga lícita. Todavia, este tipo de conduta não parece comprometer seriamente o desempenho escolar, nem aumentar o risco de futuros problemas de saúde mental, no fim da adolescência. O único domínio em que os consumidores de cannabis apresentavam, posteriormente, mais problemas era o dos comportamentos anti-sociais e do consumo de outras drogas. Finalmente, não se encontrou qualquer diferença significativa entre o consumo de início precoce e o consumo de início tardio. Estes resultados são discutidos à luz dos últimos desenvolvimentos na investigação do consumo de cannabis durante a adolescência.
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Fonseca, A. C. (2010). O consumo de cannabis na adolescência: dados de um estudo português. Revista Portuguesa de Pedagogia, 61–79. https://doi.org/10.14195/1647-8614_44-2_4
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