A pergunta que inicia este texto é, aparentemente, simples: Para quê ensinar ciências? Muitos já fizeram este questionamento, muitas respostas já foram oferecidas, e, embora isso, a simplicidade em sua estrutura não corresponde à construção de uma resposta simples, consensual e definitiva. Antes de me aventurar a responder à pergunta inicial, trago o exemplo a seguir como forma de construir minha argumentação. Para tanto, recorro a algo a qual nos habituamos nos dias atuais: o acesso direto e rápido à informação relacionada a uma dúvida. Ao inserir no Google, buscador online muito utilizado em nosso dia a dia, a pergunta que abre este texto, obtém-se mais de 14 milhões de respostas. Surgem referências diretas a sites em que a própria pergunta é respondida, assim como também menção a derivações da questão original: por que ensinar ciências? e o que ensinar em ciências?, ou a ideias afins: o que é a disciplina de ciências?, para quê serve a ciência? e, qual a importância do ensino de ciências? Em cada um destes links encontramos textos com linguagem coloquial provenientes de blogs, textos de divulgação em revistas de larga circulação, artigos científicos publicados em periódicos especializados, vídeos caseiros e opinativos e mesmo vídeo-aulas. Uma amplitude de respostas e de modos de res-ponder à pergunta. Embora seja fascinante estarmos frente a tão grande variedade de ideias, interessa-me pensar na qualidade da resposta obtida pela pesquisa. Entendo que seu dimensionamento esteja relacionado à análise das diferentes respostas na relação direta com a pergunta e com as premissas (explícitas ou implícitas) que fundamentam a própria busca. Para o caso desta busca (assim como para muitos outros), diante de mais de 14 milhões de devolutivas a uma pergunta, pode ser demasiada longa e exaustiva a avaliação atenta de todas, o que implica na necessidade de encontrar mecanismos para esta análise. Neste processo, algumas considerações são feitas (mesmo que de modo inconsciente), estando elas associadas a elementos que condicionam o tipo de resposta que se pretende obter, podendo representar desde a disponibilidade de tempo que o sujeito apresenta para alcançar uma resposta, passando pelos diferentes níveis de complexidade que se tem ou que se pretende doi: https://doi.
CITATION STYLE
Sasseron, L. H. (2019). Sobre ensinar ciências, investigação e nosso papel na sociedade. Ciência & Educação (Bauru), 25(3), 563–567. https://doi.org/10.1590/1516-731320190030001
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.