O presente estudo procura compreender como as mulheres vítimas de violência falam sobre o amor e as relações de intimidade e como experienciam e significam o fenómeno da violência sofrida. Explora-se também o recurso à violência por parte destas mulheres, em que contextos o fazem e como significam a violência perpetrada. O estudo envolve 12 mulheres vítimas de violência, de diferentes grupos etários e com diferentes trajectórias de vida, com as quais se conduziu uma entrevista individual acerca da história de amor da sua vida. Conclui-se que tanto os relatos de vitimação como os de perpetração se inscrevem em discursos socioculturais mais amplos sobre o amor e as relações de intimidade – que sustentam a vitimação sofrida no feminino e limitam a agressividade feminina. Concluímos que a violência feminina assume características idiossincráticas e tem implicações práticas diferentes, relacionadas com as desigualdades e assimetria de género, não havendo similaridade na violência entre homens e mulheres na intimidade. A agressividade feminina surge como estratégia para lidar coma adversidade, no sentido de conseguir algum controlo sobre a relação e o sentido de si próprias, revelando a capacidade de luta, sobrevivência e resiliência destas mulheres.
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Dias, A. R., Machado, C., Gonçalves, R. A., & Manita, C. (2012). Repertórios interpretativos sobre o amor e as relações de intimidade de mulheres vítimas de violência: Amar e ser amado violentamente? Análise Psicológica, 30(1 / 2), 143–159. https://doi.org/10.14417/ap.539
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