se tipo de raciocínio é não comportar a constru-ção de uma visão fora do registro da percepção imediata. Há uma maior complexidade entre os danos sofridos pelos adolescentes no seu percur-so de vida e os prejuízos que eles provocam. Grande parte da nossa juventude não poderá entrar no mercado de trabalho com condições de desenvolver as novas tecnologias produzidas. Sem a formação necessária, não ocuparão o pa-pel para o qual pretensamente deveriam ter sido preparados. Porém, não faltará vontade a esses jovens de ganhar dinheiro, ter uma família e ter uma vida tranqüila e feliz. Os adolescentes serão seduzidos pelas ofertas de dinheiro fácil, realizando tarefas simples, sem que precisem mostrar conhecimentos técnicos. Sem formação cultural, sem formação especi-alizada, sem esperanças, permanecendo excluí-dos, a criminalidade será o destino a seguir mes-mo com o risco de ser preso ou morrer. O grande impasse decorre das decisões polí-ticas e administrativas incapazes de perceber a complexidade da espiral ascendente das causas da violência, que continuam usando um raciocí-nio limitado entre o bem e o mal, centrando to-dos os recursos na repressão. Há uma necessidade urgente em se criar dis-positivos para tentar salvar não apenas os ado-lescentes, mas a sociedade das conseqüências pro-duzidas pela exclusão dos Direitos Humanos mínimos. A exploração sexual e o tráfico de pessoas é um dos casos em que a história permanece atual, mas precisamente no caso do Brasil, onde grande parte da sua população foi traficada e as mulheres sem-pre tiveram seus corpos utilizados como objeto de prazer. O nosso " país tropical " tinha uma ca-racterística particular por estar, na virada do sé-culo, saindo de uma sociedade escravista para execução do projeto de " modernidade " . De acordo com Costa e Schwarcz, não se pas-sa impunemente pelo fato de ter sido a última na-ção a abolir o cativeiro, já que até maio de 1888 era possível garantir a posse de um homem por outro. Era difícil a convivência entre o projeto republica-no – que, recém-inaugurado em novembro de 1889, vendia uma imagem de modernidade – e a lem-brança recente do sistema escravocrata, que levava à conformação de uma sociedade patriarcal, mar-cada pelas relações de ordem pessoal, violenta e na qual vigorava um profundo preconceito em rela-ção ao trabalho braçal
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Faria, T. D., Oliveira, P. A. F. de, & Mendes, R. (2007). O enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes: desafios e caminhos. Ciência & Saúde Coletiva, 12(5), 1115–1118. https://doi.org/10.1590/s1413-81232007000500005
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