Como demonstram alguns autores (De Marchi, 2013; Alves e Souza, 2012) que refletem sobre as políticas culturais contemporâneas no Brasil, o país se encontra em um momento único no que se refere à relação entre a cultura e o Estado. Neste sentido, encontramos um Ministério da Cultura (MinC) muito mais atuante e envolvido nas discussões sobre o desenvolvimento da sociedade brasileira. Este papel adquirido pelo MinC é recente e está inserido dentro do programa mais amplo do governo petista, iniciado em 2003. Como decorrência deste novo lugar assumido pelo ministério, o mesmo se propôs a repensar não apenas sua atuação, mas também as áreas que viriam compor seu escopo de atuação e que poderiam estar incluídas em seu projeto político. Esta reflexão conduziu a uma aproximação com as discussões que ocorriam em nível internacional e, especialmente, supranacional – centralmente nas agências associadas à ONU – sobre a economia criativa: a área ganha espaço no Brasil, e setores que até aquele momento não eram considerados como parte das políticas culturais nacionais passam a sê-lo. Assim, neste artigo pretendo fazer uma breve abordagem das apropriações realizadas pelo governo brasileiro das discussões realizadas pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD/ONU), assim como discutir como o MinC passa a compreender a moda neste contexto, indicando ainda algumas das ações realizadas não apenas pelos líderes políticos, mas também pelos agentes envolvidos com o setor, para afirmar esta nova posição da moda como alvo das políticas culturais no Brasil.
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Santos, H. H. D. O. (2014). Moda e economia criativa: políticas culturais no Brasil contemporâneo. Ciências Sociais Unisinos, 50(3). https://doi.org/10.4013/csu.2014.50.3.02
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