Interferência das plantas daninhas nas plantas cultivadas

  • Biffe D
  • Constantin J
  • Oliveira Junior R
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Abstract

Os termos plantas invasoras, plantas daninhas e ervas daninhas têm sido empregados indistintamente na literatura brasileira. Essas plantas são também designadas como plantas ruderais, plantas silvestres, mato ou inço; entretanto todos esses conceitos baseiam-se na sua indesejabilidade em relação à atitude humana. Um conceito mais amplo de planta daninha é enquadrá-la como toda e qualquer planta que ocorre onde não é desejada. Com relação ao termo erva daninha, bastante utilizado, deveria ser evitado como termo geral, uma vez que implica considerá-la como planta herbácea, o que não é totalmente verdadeiro (BRIGHENTI; OLIVEIRA, 2011). Pelo menos 20% das espécies daninhas não são herbáceas, sendo arbustivas ou até arbóreas, como a maioria das plantas daninhas de pastagens (LORENZI, 1991). Os prejuízos observados nas plantas cultivadas em função da presença das plantas daninhas não podem ser atribuídos apenas à competição. Existe um conjunto de pressões ambientais que podem ser diretas (competição, alelopatia) ou indiretas (hospedeiras de pragas e doenças). O efeito integrado desses fatores é chamado interferência, ou seja, o conjunto de ações que recebe uma determinada cultura em decorrência da presença da comunidade infestante em um determinado local (PITELLI, 1985). Com relação às interferências diretas, as mais importantes são competição e alelopatia. No caso da competição, os recursos mais comumente sujeitos ao recrutamento pelas espécies são nutrientes, luz e água (BRIGHENTI; OLIVEIRA, 2011). Outro aspecto da interferência direta é a alelopatia. Esse termo foi definido como o efeito prejudicial de uma planta sobre outra através da produção de compostos químicos liberados no ambiente, denominados aleloquímicos (RICE, 1974). O que difere alelopatia de competição é o fato de a competição remover do meio fatores de crescimento necessários a ambas as plantas (água, nutrientes, gás carbônico), enquanto, para alelopatia, ocorre adição de substâncias ao meio. De maneira geral, todas as partes das plantas podem conter aleloquímicos, como folhas, caules, raízes, rizomas, fatores, frutos e sementes. Também no processo de decomposição da palha, há liberação de substâncias alelopáticas (BRIGHENTI; OLIVEIRA, 2011). As plantas daninhas podem causar danos indiretos às culturas, como hospedeiras alternativas de insetos, doenças, nematoides e plantas parasitas. O mosaico-dourado é uma doença virótica que ocorre em espécies de guanxumas. As plantas dessa espécie são tolerantesao vírus que é transmitido pela mosca-branca a lavouras. O amendoim-bravo (Euphorbiahe terophylla) e a guanxuma (Sida rhombifolia) são também hospedeiros do vírus do mosaico-anão e domosaico-crespo, respectivamente. No caso de nematoides, foram identificadas 57 espécies de plantas daninhas no Brasil que atuam como hospedeiras alternativas de Meloidogyne javanica. Formas juvenis do nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines) conseguem penetrar em raízes de mentrasto (Ageratum conyzoides), desmódio (Desmodium tortuosum) e feijão-bravo (Cassia spp.) (DIAS et al., 1995). O joá-de-capote (Nicandra physaloides) e o trevo (Oxalis latifolia) são hospedeiros naturais miolo_PAULO-Hortaliças.indd 339

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Biffe, D. F., Constantin, J., & Oliveira Junior, R. S. de. (2018). Interferência das plantas daninhas nas plantas cultivadas. In Hortaliças-fruto (pp. 339–355). EDUEM. https://doi.org/10.7476/9786586383010.0012

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