O objetivo deste estudo foi determinar o impacto de um programa de mobilização comunitária (atividades educativas) na primeira comunidade em Minas Gerais (Patis) na qual esta atividade foi desenvolvida, como parte do programa nacional de controle da esquistossomose (PCE/PCDEN). A prevalência da infecção nesta localidade (área estudada), entre 1984 e 1994, foi comparada àquela observada em Muquem (área controle). Um estudo seccional foi realizado para determinar as características demográficas (idade, sexo, tempo de residência), características dos domicílios (fonte de água, destino de dejetos, presença de chuveiro e distância aos córregos), padrões de contatos com águas e conhecimentos sobre prevenção/transmissão da esquistossomose nas duas comunidades. Em Patis foram também examinados os fatores associados aos contatos com águas nos últimos 12 meses. Embora a prevalência inicial e final da infecção tenha diferido em Patis (43,2 e 17,2%, respectivamente) e na área controle (38,2 e 33,7%), verificou-se que esta diferença não podia ser atribuída à mobilização comunitária, uma vez que a queda na prevalência da infecção já havia ocorrido antes do início destas atividades. Os conhecimentos sobre a transmissão e prevenção da esquistossomose foram altos em ambas as comunidades, mas esses conhecimentos não estiveram associados aos padrões de contatos com águas. Somente a faixa etária de 10-19 (OR= 4,0; IC 95%: 2,1-7,4) e > 20 anos (OR=1,9; IC 95%: 1,1-3,2) e sexo masculino (OR=2,1; IC 95%: 1,4-3,5) apresentaram associações independentes com contatos com águas. Concluiu-se que o programa de mobilização comunitária não foi efetivo: (a) para transmitir conhecimentos sobre a transmissão e prevenção da esquistossomose, (b) para transformar esses conhecimentos em mudanças de comportamento e/ou (c) para reduzir a prevalência da infeção pelo S. mansoni.The objective of the present study was to determine the impact of a community mobilization program (educational activities) in the first community of Minas Gerais (Patis) where this activity was developed, as part of the national schistosomiasis control program (PCE/PCDEN). The prevalence of the infection in Patis (study area) between 1984 and 1994 was compared with that of Muquem (control area). A cross sectional study was carried out to determine demographic characteristics (age, gender and time of residence in the area), household features (water supply, disposal system, presence of shower and distance from streams), water contact patterns and knowledge on prevention/transmission of schistosomiasis in the two communities. In Patis we also examined the factors associated with water contact in the previous 12 months. The prevalence of the infection in the two periods differed for the two communities compared (43.2 and 17.2% in Patis, and 38.2 and 33.7% in Muquem, respectively). However, the reduction in the prevalence of the infection in the study area could not be attributed to community mobilization because it had already occurred before the beginning of these activities. Knowledge on prevention and transmission of the infection was high, but this knowledge was not associated with the water contact pattern. Only the 10-19 years (OR= 4.0; IC 95%: 2.1-7.4) and > 20 years (OR=1.9; IC 95%: 1.1-3.2) age groups, and the male gender (OR=2.1; IC 95%: 1.4-3.5) were independently associated with water contact. We concluded that the community mobilization program was ineffective: (a) to deliver information on prevention and transmission of schistosomiasis, (b) to transform this knowledge on behavioral changes, and/or (c) to reduce the prevalence of Schistosoma mansoni infection.
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Lima-Costa, M. F., Guerra, H. L., Firmo, J. O. A., Pimenta Jr., F., & Uchoa, E. (2002). Um estudo epidemiológico da efetividade de um programa educativo para o controle da esquistossomose em Minas Gerais. Revista Brasileira de Epidemiologia, 5(1), 116–128. https://doi.org/10.1590/s1415-790x2002000100013
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