Putas, escravos e garanhões: linguagens de exploração e de acomodação entre boxeadores profissionais

  • Wacquant L
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Este artigo se baseia em trabalho de campo em uma academia de boxe localizada no gueto negro de Chicago. Busca explicar como os lutadores profissionais percebem e expressam o fato de serem mercadorias vivas, e como se reconciliam praticamente com uma impiedosa exploração, de maneira a conseguir manter um senso de integridade pessoal e de finalidade moral. A experiência que o boxeador tem da exploração do seu corpo é expressa através de três idiomas aparentados, o da prostituição, o da escravidão e o da criação animal. Esses três tropos enunciam a comercialização imoral de corpos. Mas essa consciência é neutralizada pela crença na normalidade da exploração, na "capacidade de ação" do empresariamento dos corpos e na possibilidade de casos individuais excepcionais. Essa crença, inscrita nas disposições corporais do lutador, ajuda a produzir o equívoco coletivo de reconhecimento através do qual os boxeadores se tornam cúmplices de sua própria comercialização.This article draws on ethnographic fieldwork carried out in a boxing gym located in Chicago's black ghetto. It aims at explaining how prizefighters perceive and express the fact of being live commodities, and how they manage to reconcile themselves to ruthless exploitation in ways that enable them to maintain a sense of personal integrity and moral purpose. The boxer's experience of bodily exploitation is expressed in three related idioms, those of prostitution, slavery, and animal husbandry. All three tropes simultaneously enounce the immoral marketing of bodies. But this is neutralized by the belief in the normalcy of exploitation, in the "agency" of corporeal entrepreneurship, and in the possibility of individual exceptionalism. This belief, inscribed in the bodily dispositions of the fighter, helps to produce the collective misrecognition whereby boxers collude in their own commercialization.

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Wacquant, L. (2000). Putas, escravos e garanhões: linguagens de exploração e de acomodação entre boxeadores profissionais. Mana, 6(2), 127–146. https://doi.org/10.1590/s0104-93132000000200005

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