A caracterização anatômica de regiões encefálicas topograficamente bem definidas é particularmente útil para a prática neurocirúrgica por propiciar melhor compreensão da tridimensionalidade das suas estruturas e das lesões que as acometem, e por incitar uma maior sistematização dos seus acessos cirúrgicos. Neste sentido, se destaca no interior de cada hemisfério cerebral, um verdadeiro bloco único composto externamente pela ínsula, internamente pelos núcleos da base e tálamo, e que abriga no seu interior a cápsula interna. Com uma conformação predominantemente biconvexa e disposto entre a cisterna silviana e as cavidades ventriculares supratentoriais, esse bloco cerebral central morfologicamente se caracteriza como uma cabeça de cada metade do tronco encefálico, encoberta por todo o manto neocortical do seu hemisfério ao qual se une através de verdadeiros istmos constituídos pelos prolongamentos das diferentes partes da cápsula interna. Anteriormente e sob o sulco limitante anterior da ínsula se dispõem as fibras que compõem o ramo anterior da cápsula interna, superiormente e sob o seu sulco limitante superior se dispõem as fibras restantes do ramo anterior e as do joelho e do ramo posterior, entre as quais se destacam em importância funcional as fibras piramidais córtico-espinhais, e sob o sulco limitante inferior da ínsula se dispõem as partes retro e sub-lentiformes da cápsula interna, que englobam as radiações auditiva e visual. Lateralmente o bloco cerebral central tem a ínsula como um verdadeiro escudo externo das principais estruturas cerebrais subcorticais. As escolhas dos acessos microneurocirúrgicos às lesões relacionadas com o bloco cerebral central devem ter como maior preocupação as suas relações topográficas com o tálamo e com as fibras da cápsula interna.The caracterization of well defined and circumscribed brain regions is particularly useful for the neurosurgical practice once it enhances the tridimensional understanding of its structures and related lesions, and because it induces the development and the utilization of more standard microneurosurgical approaches. In this direction, it is noteworthy that each cerebral hemisphere harbors an evident central core constituted externally by the insula, internally by the basal ganglia and the thalamus, and with the internal capsule within. With a biconvex configuration when seen from above, and located between the sylvian cistern and the supratentorial ventricular cavities, morphologically this central core resembles a head of each brainstem half top, covered by the neocortical mantle of its hemisphere. The central core is attached to the rest of the cerebral hemisphere by isthmi constituted by the different internal capsule fibers. Anteriorly and under the anterior limiting sulcus of the insula there are fibers of the internal capsule anterior limb, superiorly and under the superior limiting sulcus there are the rest of the anterior limb fibers, and the knee and posterior limb fibers that harbors the corticonuclear and the corticospinal tracts, and inferiorly and under the insular inferior limiting sulcus there are the sub- and the retrolentiform internal capsule fibers that enclose the auditory and the optic radiations. Laterally the central core is composed by the insular surface that resembles a shield of the main cerebral subcortical structures. The options of microneurosurgical approaches to the central core related lesions should consider particularly their relationships with the thalamus and with the internal capsule fibers.
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Ribas, G. C., & Oliveira, E. de. (2007). A ínsula e o conceito de bloco cerebral central. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 65(1), 92–100. https://doi.org/10.1590/s0004-282x2007000100020
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