Este texto comenta e debate algumas idéias apresentadas por Kuenzer em artigo deste número, sob a perspectiva das disputas hegemônicas de grupos que ocupam o aparelho de Estado na sua relação com a sociedade civil. Retomamos a análise de forças políticas que influenciaram a reforma feita pelo decreto nº 2.208/97 discutindo a opção do primeiro governo Lula em redirecionar a política pública de educação profissional na direção de compromissos assumidos com os setores progressistas. Não obstante, este processo trouxe contradições no conteúdo e na forma da 'nova' política. A educação profissional no Brasil, mesmo em tempos de complexificação da base técnico-científica da produção, ocupa-se da formação para o trabalho simples, enquanto utiliza dispositivos de controle simbólico, associados à idéia de cidadania e de intervenção social. Em relação ao trabalho complexo, os projetos em discussão não trazem à cena a necessária publicização da produção de ciência e tecnologia, a ser orientada pela vinculação orgânica entre educação omnilateral e politécnica dos trabalhadores, política pública de ciência e tecnologia e projeto de nação soberana. Concluímos que essa concepção ainda não é hegemônica na sociedade civil nem prioridade no aparelho governamental. A análise desses fenômenos e suas contradições, nos fazem aprender com a história.This article comments on and debates a few ideas presented by Kuenzer in an article published in this edition regarding the perspective of the hegemonic contentions among the groups that occupy the State in its relationship with the civil society. We have resumed the analysis of the public forces that influenced the reform made by decree # 2.208/97 by discussing the choice made by the first Lula administration to redirect the public professional education policy towards the commitments taken-on with progressive sectors. Nonetheless, this process brought contradictions to the 'new' policy's content and form. Brazil's professional education, even in an era in which the technical and scientific base of production has become more complex, seeks to qualify people for simple work while using symbolic control devices in association with the idea of citizenship and social intervention. So far as complex work is concerned, the projects under discussion do not bring the needed science and technology production publicization under the spotlight, one that should be guided by the organic bind between the workers' omnilateral and polytechnic education, public policy for science and technology, and the design of a sovereign nation. We conclude this conception is neither hegemonic in the civil society nor a governmental priority. By analyzing these phenomena and their contradictions, we can learn with history.
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Ramos, M. N. (2007). Reforma da educação profissional: contradições na disputa por hegemonia no regime de acumulação flexível. Trabalho, Educação e Saúde, 5(3), 545–558. https://doi.org/10.1590/s1981-77462007000300013
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