Introdução Ao longo do século XX, a doença de Hodgkin (DH) foi uma espécie de laboratório em que se desenvolveram importantes inovações conceituais que fazem parte da abordagem diagnóstica e terapêutica atual em todo o cam-po da oncologia médica. A radioterapia foi empregada, pela primeira vez, em 1902, em pacientes com DH. 1 A ne-cessidade de uma classificação histopatológica de uso geral foi reconhecida na conferência de Rye, em 1965. 2 O estadiamento clínico-patológico sistemático foi estabele-cido na famosa conferência de Ann Arbor, em 1971. 3 Esta conferência ocorreu em um ambiente de grande otimismo, devido à publicação no ano anterior do artigo de DeVita e cols., que demonstrava a possibilidade de remissões com-pletas duradouras em aproximadamente metade dos ca-sos de DH avançada tratados com poliquimioterapia. 4 As conquistas decorrentes da abordagem científica da DH convenceram a Associação Médica Americana da neces-sidade de criar a especialidade hoje conhecida como oncologia clínica. 5 Classificação histopatológica A classificação histopatológica da DH foi recente-mente revista pelo comitê de patologistas da OMS (Tabe-la 1). 6 A principal modificação foi a identificação de um subtipo histopatológico peculiar, denominado "doença de Hodgkin nodular com predomínio de linfócitos" (DHNPL), que difere das outras formas da DH em diversos aspectos (Tabela 2). A DHNPL apresenta semelhanças substanci-ais com os linfomas foliculares, e suas características jus-tificam uma abordagem terapêutica específica, que des-creveremos adiante. As quatro outras formas histopatológicas compõem a chamada DH clássica. A esclerose nodular e a celu-laridade mista respondem por aproximadamente 90% dos casos de DH. Algumas correlações clínico-patológicas têm Nos últimos anos, houve um progresso substancial na abordagem do paciente com doença de Hodgkin. Uma nova classificação histopatológica foi adotada, e fatores prognósticos reprodutíveis foram identificados. Os pacientes são tratados de acor-do com o estádio clínico e, no caso de pacientes com doença localizada, também de acordo com os fatores prognósticos. Uma consistente série de estudos em pacientes com doença localizada tornou obsoleta a realização de laparotomia e a abordagem radioterápica isolada. Nos pacientes com doença avançada, o ABVD emergiu como o regime com a melhor relação risco/benefício após uma dura seqüência de comparações com o MOPP e combinações de MOPP e ABVD. Dois regimes inova-dores estão em testes, o Stanford V e o BEACOPP. Entretanto, o avanço dos resul-tados terapêuticos depende da redução da toxicidade nos pacientes de baixo risco e da melhora do controle da doença nos pacientes de alto risco. Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;26(1):35-42. Palavras-chave: Doença de Hodgkin; linfoma de Hodgkin; tratamento; fatores prognósticos. abordagem....p65 07/05/2004, 15:50 35
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Spector, N. (2004). Abordagem atual dos pacientes com doença de Hodgkin. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 26(1). https://doi.org/10.1590/s1516-84842004000100007
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