Mencionou-se na introdução ao primeiro número desta série (Caldas, 2005) que os mapeamentos abrangentes do campo de estudos organizacionais revelam consistentemente que, dentre os quatro para- digmas sociológicos do modelo de Burrell e Morgan (1979), o funcionalismo marcado pelo objetivismo e por uma sociologia focada na regulação tem constituído por muitas décadas a ortodoxia na pesquisa científica da área. Também já se apontou nesta série que o funcionalismo continua a expandir sua hegemonia até hoje no campo de estudos organizacionais, em boa parte devido à representatividade institucional do mainstream norte-americano, inclusive no Brasil, como mostram diversas revisões, mapeamentos e análises bibliométricas a esse respeito (e.g. Bertero et al., 2005; Vergara e Carvalho, 1995; Machado-da-Silva et al., 1990). O que tais retratos da produção acadêmica brasileira deixam evidente é, por um lado, um histórico apego ao funcionalismo como fonte praticamente hegemônica de alicerce epistemológico e, por outro, focos de resis- tência a essa tendência que se dividem fundamental- mente em duas vertentes contrárias à predominância funcionalista: o interpretacionismo, que cresce desde o final da década de 1970, e os referencias críticos e pós-modernos, que se expandem principalmente após o final da década de 1980.
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Vergara, S. C., & Caldas, M. P. (2005). Paradigma interpretacionista: a busca da superação do objetivismo funcionalista nos anos 1980 e 1990. Revista de Administração de Empresas, 45(4), 66–72. https://doi.org/10.1590/s0034-75902005000400006
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