Na realização das tarefas de cuidado e manutenção das famílias de camadas médias no Brasil - desempenhada, na esmagadora maioria das vezes, por mulheres pobres, fora da parentela dos empregadores - assim como nas formas de remuneração e de relacionamento que se desenvolvem entre patrões e empregadas domésticas, reproduz-se um sistema altamente estratificado de gênero, classe e cor. A manutenção desse sistema hierárquico que o serviço doméstico desvela tem sido reforçada, em particular, por uma ambigüidade afetiva entre os empregadores - sobretudo as mulheres e as crianças - e as trabalhadoras domésticas. Ao analisar exemplos tirados de uma pesquisa etnográfica em Vitória (Espírito Santo), comentaremos como essa ambigüidade se revela como instrumento fundamental de uma didática da distância social.In the execution of domestic tasks linked to the care and maintenance of middle-class families in Brazil - an activity performed, in most cases, by lower-income women who are not otherwise related to the employers - as well as in the forms of remuneration and relationships that develop between employers and maids, we witness the reproduction of a highly stratified system of gender, class, and color. The maintenance of the hierarchical system revealed by domestic service has been reinforced, in particular, by emotional ambiguities in the relationship between employers - especially women and children - and the domestic workers. By analyzing examples drawn from our ethnographic study in Vitória (Espírito Santo), we will comment on how this ambiguity emerges as a fundamental instrument in the didactics of social distance
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Brites, J. (2007). Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, (29), 91–109. https://doi.org/10.1590/s0104-83332007000200005
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