O objetivo deste artigo é analisar mediante um debate crítico, dialético, histórico e bibliográfico a mobilidade urbana nas cidades brasileiras sob a égide da sua cidadania. As cidades não só nasceram em virtude da mobilidade humana, como também se mantêm por causa dela. Por sua vez, as cidades refletem e são refletidas pelas condições econômicas, sociais e culturais do seu povo, ou melhor, dos cidadãos (indivíduos em pleno gozo dos seus direitos civis e políticos e sujeitos as obrigações inerentes a sua condição). A mobilidade humana é, foi, e sempre será condição da própria existência e sobrevivência humana. Desde os tempos remotos, observa-se que a mobilidade humana segue pari passu com o desenvolvido tecnológico e o estágio social, cultural e econômico de cada povo. Pelo exposto, o estudo da mobilidade urbana não pode se restringir a uma análise sistêmica de domínio da engenharia de trânsito, uma vez que a mobilidade urbana tem raízes profundas na dimensão do próprio ser humano e do seu estado evolutivo. Muito além de um trânsito lento, marcado por longos engarrafamentos, a mobilidade urbana revela-se como um indicador, um “termômetro” do estado “civilizatório” ou da cidadania de um povo. É mister reconhecer que a mobilidade urbana afeta e é afetada de forma diferente nas diferentes culturas. Isso pode explicar, em parte, porque grandes cidades da Inglaterra, dos Estados Unidos, do Japão etc. tiveram êxito na minimização dos problemas do trânsito nas suas vias urbanas, enquanto no Brasil, mesmo diante de esforços pontuais dos gestores da administração pública, em particular dos órgãos de engenharia de trânsito, têm até o presente momento revelado resultados insatisfatórios, conforme pode ser observado pelos engarrafamentos que surgem ou tornam-se cada vez maiores. Assim, ao retratar as origens e desenvolvimento das cidades brasileiras com a sua cidadania busca-se, aqui, compreender como os aspectos sociais, econômicos e culturais afetaram, e ainda afetam, a mobilidade urbana brasileira.
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Santana, J. M. (2015). MOBILIDADE URBANA E A POBREZA DA CIDADANIA. Revista Ambivalências, 2(4), 214–229. https://doi.org/10.21665/2318-3888.v2n4p214-229
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