O artigo analisa as disputas por legitimidade entre jornalistas e acadêmicos no final dos anos 1980, em São Paulo. Tendo como recurso heurístico o caso da “lista dos improdutivos”, a abordagem concentra-se nos conflitos que têm como centro a produção simbólica, i.é, uma visão única acerca das coisas do mundo. Enfatiza-se a criação, por jornalistas da Folha de S.Paulo, de uma doxa que opõe o Estado ao mercado, o primeiro tendo uma conotação negativa e o segundo positiva, revelando aspectos das disputas nos campos cultural e do poder durante a redemocratização. Entende-se que o jornalismo obteve sucesso na produção e difusão de uma doxa por ter papel central nesse período, tanto na formação de espaços de debate quanto ao dar voz e projetar agentes antes excluídos da vida pública. Demonstra-se que a Folha ao se modernizar, por meio da ação de jornalistas recém-chegados à imprensa, atribuiu-se a função de formar a opinião pública (seu público) e, em nome dela, legitimou-se para agir. Estabelecer a produção de um tipo de conhecimento que emerge pelo confronto marca o jornal como ator ativo no campo cultural contemporâneo.
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Chiaramonte, A., & Hey, A. P. (2018). Que a USP descanse em paz! Disputas simbólicas entre jornalistas e acadêmicos em fins dos anos de 1980. Política & Sociedade, 17(39), 250–276. https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v17n39p250
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