Neste artigo, são analisadas as principais características e significados de um segmento específico dos detentores de altas fortunas provenientes da extração da riqueza na economia globalizada. Milionários e bilionários são designados pelos gestores financeiros como High Net Worth Individuals (HNWIs). Eles não constituem uma classe social com identidade, coesão e mobilização coletiva a partir de interesses homogêneos e articulados. Mas, como componentes dos setores dominantes internacionalizados, eles possuem alto poder econômico e político, com impactos significativos sobre a realidade social. Os HNWIs estão no centro do processo de agudização das desigualdades socioeconômicas nos últimos 20 anos e se caracterizam por três aspectos: a) desvinculação de dimensões físicas do capital e ausência de amarras nacionais; b) personificação das fortunas; c) faustuoso padrão de vida, que contrasta, de maneira acentuada, com o restante da população. O argumento central deste artigo é que, ao se analisar a estrutura social, é necessário considerá-la como um todo integrado e articulado, pois os polos riqueza e pobreza não são autoexplicativos e, menos ainda, autônomos. Considerando-se a importância da escala na posse da riqueza, é possível entender como ela assegura impunidade, privilégios e poder para minorias específicas, ampliando as desigualdades e a produção da pobreza.In this paper the main characteristics and meanings of a specific segment of the holders of high fortunes coming from extraction of wealth in the globalized economy are analyzed. Millionaires and billionaires are designated by the financial managers as High net worth individuals (HNWIs). They don't constitute a social class presupposing identity, cohesion and collective mobilization from homogeneous and articulate interests. But, as components of the internationalized dominant sectors they possess high economical and political power with significant impacts on social reality. HNWIs are in the center of the process of acutization of the social and economic inequalities in the last 20 years and they are characterized by three aspects: the) desvinculation of physical dimensions of the capital and absence of national roots; b) personification of fortunes; c) ostentatious standard of living contrasting in a marked way to the remaining of the population.The central argument of this paper is that analyzing the social structure, it is necessary to consider it as an whole, integrated and articulate, the extremes wealth and poverty not being self-explanatory and even less autonomous. Considering the importance of the scale in the wealth ownership, it is possible to understand how it her assures impunity, privileges and power for specific minorities, enlarging the inequalities and the production of the poverty.Cet article analyse le sens et les principales caractéristiques d'un segment spécifique de propriétaires de grandes fortunes issues de l'extraction de la richesse dans l'économie mondiale. Les millionnaires et les milliardaires sont désignés par les gestionnaires financiers comme des High net worth individuals (HNWIs). Ils ne forment pas une classe sociale qui suppose une identité, une cohésion et une mobilisation collective à partir d'intérêts homogènes et articulés mais, en tant que composante des secteurs internationalisés dominants, ils possèdent un pouvoir économique et politique élevé ayant des impacts importants sur la réalité sociale. Les HNWIs sont au cœur du processus d'aggravation des inégalités socioéconomiques au cours des 20 dernières années. Trois aspects les caractérisent: a) l'absence de la dimension physique du capital et de liens nationaux; b) la personnification des fortunes; c) des niveaux de vie fastueux qui contrastent nettement avec le reste de la population. L'argument central de cet article est que, lorsqu'on fait l'analyse de la structure sociale, il faut considérer cette dernière comme un tout intégré et articulé, les pôles de richesse et de pauvreté ne sont pas auto explicatifs et bien moins encore autonomes. Si l'on prend en considération l'importance de l'échelle de possession des richesses, il est possible de comprendre comment elle garantit l'impunité, les privilèges et le pouvoir pour des minorités spécifiques tout en augmentant les inégalités et en créant plus de pauvreté.
CITATION STYLE
Cattani, A. D. (2009). Riqueza e desigualdades. Caderno CRH, 22(57), 547–561. https://doi.org/10.1590/s0103-49792009000300009
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